O que esperar de 2025?

Exclusiva

As últimas decepções vêm das análises da “reforma tributária" e do “plano de redução de gastos da máquina pública"

Em uma crônica publicada há muito tempo, guardei uma frase interessante sobre o ano novo - “a natureza não sabe que o ano muda, é invenção do homem criar uma data para marcar a renovação das esperanças para um período melhor". Sábia, perene e atualíssima.

Estamos sempre esperando que as coisas mudem por si só, já que não sabemos como mudá-las. Temos ideias, planos, e imaginamos e defendemos que tudo poderia ser bem melhor do que é, mas não temos conhecimento dos caminhos para essas mudanças. Vamos a reboque das notícias, acreditando imediatamente no que nos é apresentado, e nos decepcionando quando nos aprofundamos na notícia.

As últimas decepções vêm das análises da “reforma tributária" e do “plano de redução de gastos da máquina pública". Cada uma decepciona à sua maneira, dependendo das ideologias das suas origens. Acreditamos cegamente que a reforma tributária que viria (e certamente, ainda sobrevivendo, virá) simplificar e reduzir o manicômio tributário que nos atormenta diariamente, mas esquecemos a criatividade de quem decide, como decide e em favor de quem essa decisão é favorável.

As exceções necessárias à manutenção de subsídios para alguns estados e setores sobrecarregam os demais pagadores de impostos, a CBS foi inicialmente apresentada como substituta dos impostos e contribuições federais, só que não conseguiu resistir. As alterações introduzidas no PLP 68/2024 em sua aprovação previram benefícios de créditos presumidos de IBS e CBS para uma lista de produtos produzidos na Zona Franca de Manaus, e ainda manteve a cobrança de IPI (supostamente desaparecido), em uma relação de produtos produzidos fora da Zona Franca, mas que também lá sejam produzidos.


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Não bastassem essas aberrações para manter e aumentar as benesses concedidas às empresas estabelecidas nessa região em detrimento de outras empresas em outros estados da federação, criou-se uma janela para a continuidade do aumento de contencioso fiscal com as empresas fora da Zona Franca que possam estar produzindo bens supostamente também fabricados na Zona Franca.

Burocraticamente, uma empresa estabelecida ou a se estabelecer terá que se certificar se seus produtos fabricados estão também sendo ou não produzidos na Zona Franca.

2025 será o ano pré do ano de teste da reforma, e ainda muitas alterações certamente ocorrerão, e as empresas precisarão se preparar para iniciar em 2026 suas contabilidades paralelas. A depender dos relatores e de seus estados de origem, muita coisa ruim pode ainda acontecer, aumentando a pesada e ineficiente carga tributária em todos os setores que deverão suportar as benesses de outros, e preferencialmente sobre a indústria.

O plano de redução e/ou corte de gastos da máquina governamental transformou-se em um plano de aumento de receitas, decepcionando o “mercado", como são conhecidas as análises das políticas econômica e fiscal do país.

Quem está lidando com as dificuldades econômicas no dia a dia percebe que fica cada vez mais difícil manter-se trabalhando e produzindo, e como não possui instrumentos ao seu alcance para se fazer ouvir, dedica-se inteiramente à sobrevivência dos seus negócios, diferentemente do “mercado”, onde análises das decisões atuais são parâmetros para as projeções futuras: de onde estamos, para onde estamos indo, e como estamos indo.

Os resultados que representem aumento de risco para aqueles que investem e capitalizam a economia são um alerta sobre as possibilidades de desastre, que se transformam imediatamente em exigências de maiores juros para sustentar os gastos da máquina pública, além de afastar os investimentos na cadeia produtiva.

Iniciamos o ano com juros altos e previsão de elevação em curto prazo, volatilidade do dólar e inflação resiliente. Seguimos em 2025 sob todo esse ambiente hostil, principalmente para a indústria, esperamos que as coisas mudem por si só.

*Imagem de capa: Depositphotos.com

O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.
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Carlos Eduardo de Sá Baptista

Presidente do Centro Empresarial das Indústrias Metalúrgicas do Município do Rio de Janeiro.

Indústria Metalmecânica - Rio de Janeiro

CEM RIO – CENTRO EMPRESARIAL DAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

O SINMETAL – Sindicato das Indústrias Metalúrgicas no Município do Rio de Janeiro foi fundado em 09 de setembro de 1937. Sua História é de glórias! Apesar das várias transformações vividas ao longo de sua existência, pode-se afirmar, pela leitura de seus arquivos, que é verdadeira fonte da História Industrial Brasileira e até hoje, mesmo diante dos momentos mais difíceis, das crises econômicas, políticas e sociais que o Brasil e o Rio de Janeiro sofreram, nestes 86 anos de sua existência, os princípios que nortearam a Entidade sempre foram os da transparência, da ética e de muita luta em busca de uma economia estável, da geração de renda e emprego, do crescimento industrial, do bem-estar social e do fortalecimento das empresas, independentemente do seu tamanho, faturamento ou condição econômica.

Em 2021 o SINMETAL criou o CEM RIO, um Comitê Empresarial referência para interação dos negócios no Rio de Janeiro, agindo como um fórum de discussões, sugestões e busca de soluções para o segmento.

Em 2022, o Comitê passou a ser considerado como um Centro Empresarial e o nome CEM RIO – CENTRO EMPRESARIAL DAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO foi aprovado para constar do Estatuto da Entidade como seu nome de marca. Na prática, portanto, será conhecido como CEM RIO e dele poderão participar empresas metalúrgicas e outras que exerçam atividades afins ou com interesses similares, que desejarem participar do CEM RIO.

Assim todas as atividades sociais serão conduzidas pelo CEM RIO, um nome que nasceu forte, um Centro que reúne empresários com o objetivo principal de fortalecer as micros, pequenas, médias e grandes empresas.