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A redução para 36 horas semanais exigirá a contratação de mais 22% de trabalhadores na indústria
As últimas notícias divulgadas sobre mão de obra qualificada, desemprego e carga de trabalho colocam a indústria, como sempre, na ponta final da conta. É incrível a capacidade de criação de custos a serem arcados pelas indústrias, como se fosse um castigo eterno ao empresário que investiu para criar um parque industrial, produzir bens de consumo ou de capital, assumindo riscos financeiros e econômicos inerentes aos negócios, acrescidos dos riscos que lhes são frequentemente imputados.
Começando pelo único imposto diferenciado sobre sua produção, o IPI é a primeira penalização. A indústria é uma atividade que exige grandes investimentos e frequente atualização, com novos investimentos na substituição de máquinas e equipamentos, para transformar insumos em produtos, não só para consumo interno, mas também para exportação.
Nesse momento, em que as dificuldades de contratação de mão de obra qualificada impactam a melhoria da competitividade e a sobrevivência frente à concorrência, muitas vezes predatória, das importações, surgem análises sobre as possíveis causas do grande desalento da nova geração em se qualificar para uma atividade técnica. Surge também uma nova proposta, que mais parece prognóstico de futebol. Com pouco ou quase nenhum fundamento, a proposta de redução de jornada sem redução de salário é justificada pela extensa e exaustiva jornada à qual o trabalhador é submetido, incluindo os longos trajetos para ida e volta ao trabalho, hoje estimados entre 3 e 4 horas diárias nas grandes capitais.
Essa redução permitiria que o trabalhador pudesse ter mais tempo para melhorar sua qualidade de vida, simples assim. Entretanto, nenhum projeto de infraestrutura é mencionado, projeto este que poderia reduzir os tempos perdidos nos longos trajetos, impactando não só a qualidade de vida, mas também a produtividade do trabalhador. Porém, esses projetos são de competência dos governantes, e aí residem as grandes dificuldades de solução.
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Nas recentes pesquisas das Confederações e Federações (CNI e Firjan), os dados de qualificação tornam-se cada vez mais desafiadores. Os indicadores de desemprego demonstram um baixíssimo percentual, incluindo todos aqueles que deixaram de procurar emprego, seja porque se dedicaram a atividades informais ou porque se tornaram plataformizados (aqueles que trabalham todo o tempo possível suficiente para alcançar suas metas diárias em variados serviços de delivery e plataformas de e-commerce).
Na última pesquisa realizada pela Firjan, os plataformizados conseguem uma retirada média mensal em torno de R$ 2.745,00. Esses não estão nem aí para o 6x1, 4x3 ou qualquer outro resultado. A jornada de trabalho são eles que fazem, e continuarão nesse trabalho assumindo todos os riscos sociais a que estão submetidos.
Para as indústrias, o resultado é diferente. A redução para 36 horas semanais exigirá a contratação de mais 22% de trabalhadores. Considerando que a produtividade do trabalhador brasileiro hoje é a mesma de 1995, e que a falta de mão de obra qualificada já é um problema complexo, essa redução de jornada só contribuirá para o agravamento da situação.
Como competir com esses resultados? Um trabalhador qualificado, com formação em nível profissional para a indústria, para conseguir uma remuneração equivalente, exige do empregador os demais custos de uma contratação, além de tantos outros benefícios e responsabilidades que, em média, ultrapassam 100% do valor nominal da contratação.
Esse é o grande desafio presente: como incentivar a qualificação para eliminar o enorme déficit de mão de obra qualificada? Como estimular a nova geração a compreender que ser “influencer” não é a solução para o desenvolvimento de um país?
Enquanto a indústria segue buscando entender esse paradoxo para encontrar uma solução para a geração de riqueza, emprego e renda, surge mais uma grande ideia de quem não sabe para onde ir.
*Imagem de capa: Depositphotos.com
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Carlos Eduardo de Sá Baptista
Presidente do Centro Empresarial das Indústrias Metalúrgicas do Município do Rio de Janeiro.
Indústria Metalmecânica - Rio de Janeiro
CEM RIO – CENTRO EMPRESARIAL DAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
O SINMETAL – Sindicato das Indústrias Metalúrgicas no Município do Rio de Janeiro foi fundado em 09 de setembro de 1937. Sua História é de glórias! Apesar das várias transformações vividas ao longo de sua existência, pode-se afirmar, pela leitura de seus arquivos, que é verdadeira fonte da História Industrial Brasileira e até hoje, mesmo diante dos momentos mais difíceis, das crises econômicas, políticas e sociais que o Brasil e o Rio de Janeiro sofreram, nestes 86 anos de sua existência, os princípios que nortearam a Entidade sempre foram os da transparência, da ética e de muita luta em busca de uma economia estável, da geração de renda e emprego, do crescimento industrial, do bem-estar social e do fortalecimento das empresas, independentemente do seu tamanho, faturamento ou condição econômica.
Em 2021 o SINMETAL criou o CEM RIO, um Comitê Empresarial referência para interação dos negócios no Rio de Janeiro, agindo como um fórum de discussões, sugestões e busca de soluções para o segmento.
Em 2022, o Comitê passou a ser considerado como um Centro Empresarial e o nome CEM RIO – CENTRO EMPRESARIAL DAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO foi aprovado para constar do Estatuto da Entidade como seu nome de marca. Na prática, portanto, será conhecido como CEM RIO e dele poderão participar empresas metalúrgicas e outras que exerçam atividades afins ou com interesses similares, que desejarem participar do CEM RIO.
Assim todas as atividades sociais serão conduzidas pelo CEM RIO, um nome que nasceu forte, um Centro que reúne empresários com o objetivo principal de fortalecer as micros, pequenas, médias e grandes empresas.
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