Brasil tem baixa competitividade, afirma pesquisa

Todos os fatores positivos que colocam o Brasil em uma condição favorável para o crescimento econômico, frente aos demais países, com o maior poder de consumo da população, taxa de juros elevada e o Programa de Aceleração do Desenvolvimento (PAC), não impediram que o País ficasse entre os últimos no ranking que mede a competitividade entre os países de economia emergente.

O relatório "Competitividade 2010", encomendado pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e divulgado ontem, revelou que o Brasil é pouco competitivo em relação aos demais 13 países pesquisados, sendo eles: África do Sul; Argentina; Austrália; Canadá; Chile; China; Colômbia; Coreia; Espanha; Índia; México; Polônia e Rússia.

Nos oito quesitos que foram comparados - disponibilidade e custo da mão de obra, disponibilidade e custo de capital, infraestrutura e logística, peso dos tributos, ambientes macro e microeconômico, educação e tecnologia e inovação, - o País ocupa posições que variam entre a intermediária e a última colocação.

Para a professora de Economia da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Cristina Helena Pinto de Melo a baixa competitividade brasileira deve-se a três fatores distintos. "Posso definir em três fatores o baixo rendimento do Brasil em relação aos outros países. A carga tributária, a taxa de cambio apreciada e a questão da mão de obra", explica a economista.

Segundo a pesquisa da Confederação, os fatores que levaram o desempenho negativo foram, a baixa produtividade da mão de obra que levam as empresas enfrentarem dificuldades ao contratar e dispensar seus funcionários, a elevada taxa de juros que está em 10,75% ao ano, a escassa infraestrutura dos transportes. Outro fator que também ajudou a deixar o Brasil desqualificado no ranking foi a alta alíquota de impostos indiretos e diretos pagos pelas empresas nacionais. No quesito disponibilidade de custos de capital, o Brasil é o penúltimo colocado, ficando à frente apenas da África do Sul, que também perde quando o assunto é a mão de obra qualificada.

Na infraestrutura e logística, ocupa a 12º posição e fica à frente apenas da Argentina e da Colômbia. Mesmo com o desempenho razoável, o Brasil sofre graves problemas em sua estrutura portuária. Para a professora Cristina Helena para reverter o quadro, o mais indicado seria que, logo nos primeiros anos do governo de Dilma Rousseff, a reforma tributária fosse colocada na agenda.

"A primeira medida eficaz seria colocar na agenda a reforma tributária. Mesmo sendo algo difícil e que exigirá muito empenho, pois não é fácil conseguir um melhor desempenho na arrecadação sem perder receita", explica.

Além das questões tributárias, cabe ressaltar a questão da educação, que também influenciou negativamente o desempenho do Brasil. Na pesquisa, a comparação foi feita entre nove países - Canadá, Coreia, Austrália, Polônia, Espanha, Rússia, México e o Chile - o Brasil ganha no número de pessoas matriculadas no ensino secundário e superior, mas perde aos demais, pois grande parte deste número não conclui os estudos.

A professora da ESPM ressalta as dificuldades das empresas em ter profissionais qualificados. "Mesmo com uma economia moderna, globalizada e internacionalizada, a nossa mão de obra não evolui com esse crescimento. Nosso sistema educacional é falho, se temos a mão de obra qualificada ela é cara, se não temos esses profissionais o desempenho da indústria sofre."

Mesmo com o resultado negativo, a Argentina e a Colômbia perdem para o Brasil em qualidade de ensino. Ainda segundo Cristina Helena, "para se ter um setor industrial crescente, o mais correto seria melhorar a questão cambial e promover a reforma tributária no início do mandato".


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