por Patrik Eurenius    |   16/07/2025

Dando uma nova vida às ferramentas

Como o recondicionamento de ferramentas está reduzindo os resíduos e melhorando a sustentabilidade na usinagem

Os níveis globais de resíduos estão aumentando rapidamente e a ONU prevê que os resíduos municipais atingirão 3,8 bilhões de toneladas até 2050. Atualmente, 50% de todos os resíduos municipais são industriais. Para evitar que as projeções da quantidade de resíduos se tornem realidade e para conter as emissões globais, é essencial reduzir os resíduos industriais.

As ferramentas de corte são vitais para indústrias como a aeroespacial, automotiva e de petróleo e gás, onde enfrentam condições extremas, como alta pressão, calor intenso e materiais abrasivos. Esses ambientes desfavoráveis inevitavelmente fazem com que as ferramentas se desgastem e alguns fabricantes podem se sentir inclinados a substituí-las prematuramente para evitar interrupções.

Porém, a vida útil de uma ferramenta pode não ter chegado ao fim. Com uma estratégia de recondicionamento comprovada, uma única máquina-ferramenta pode ser usada de forma eficaz várias vezes mais.

Hora de afiar

O recondicionamento de ferramentas envolve mais do que apenas uma simples reafiação. É um processo de precisão, multietapas, desenhado para restaurar uma ferramenta desgastada à sua geometria original. Ao fazer isso, a vida útil da ferramenta é prolongada e a dependência de matérias-primas é minimizada, permitindo que os fabricantes aproveitem a tecnologia de ferramentas em todo o seu potencial.

Primeiro, a ferramenta desgastada passa por uma inspeção detalhada. Equipamentos de metrologia avançada são usados para avaliar os padrões de desgaste e a integridade estrutural da ferramenta. Isso inclui a identificação de defeitos como escamação, desgaste em crateras e lascamento. Esse passo inicial é fundamental, pois além de identificar as áreas que precisam de atenção, determina se a ferramenta pode passar por recondicionamento.


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Se a ferramenta for considerada adequada para recondicionamento, inicia-se a reafiação. Isso é feito com máquinas CNC avançadas, que restauram as arestas de corte e o perfil geométrico da ferramenta com precisão de micrômetros em relação às especificações originais. Durante este estágio, é tomado grande cuidado para gerenciar as cargas térmicas e manter o alinhamento preciso entre a aresta de corte e o eixo central do corpo da ferramenta, evitando comprometer o núcleo estrutural da ferramenta.

Em seguida, uma nova cobertura é aplicada para aumentar a resistência da ferramenta ao calor, abrasão e desgaste químico. Isso é feito por meio de processos extremamente precisos, como deposição de vapor físico (PVD) ou deposição de vapor químico (CVD), para garantir uniformidade e ligação ideal. Os processos de PVD são tipicamente recomendados para ferramentas de alta precisão, pois operam em temperaturas mais baixas, o que ajuda a evitar distorções térmicas.  

Após a reafiação e cobertura, a ferramenta recondicionada passa por rigorosos testes de desempenho que incluem análise de integridade da aresta, avaliação de adesão da cobertura ou teste de risco e comparação de desempenho com novas ferramentas. Esses testes refletem aqueles aplicados a novas ferramentas e são desenhados para garantir que a ferramenta recondicionada atenda aos padrões originais de manufatura em termos de desempenho, qualidade e precisão.

Quando prontas, as ferramentas são limpas e colocadas em embalagens protetoras para evitar danos durante o transporte. Em seguida, são devolvidas ao cliente, prontas para serem reutilizadas com alta precisão e eficiência no chão de fábrica.

Além do desempenho da ferramenta

Por meio de sua rede global de centros de recondicionamento, a Sandvik Coromant oferece um serviço de recondicionamento completo e ponta a ponta. Além do desempenho das ferramentas, esses centros estão ajudando a impulsionar uma mudança mais ampla nas práticas de manufatura.

Além de seus centros de recondicionamento, a Sandvik Coromant também tem seu próprio programa de reciclagem para ferramentas de metal duro que estão desgastadas a ponto de não poderem ser recondicionadas. Na sua planta de reciclagem na Áustria, ferramentas de metal duro desgastadas são coletadas e transformadas em novos produtos. Esse processo inclui a recuperação de recursos críticos, como o tungstênio.

Devido ao seu alto ponto de fusão, resistência e durabilidade, o tungstênio é um material crítico em máquinas-ferramenta, especialmente para ligas de alto desempenho, cada vez mais comuns na manufatura aeroespacial e automotiva. No entanto, as reservas remanescentes de tungstênio na Terra são de apenas cerca de 7 milhões de toneladas, ou 100 anos de consumo. Isso torna o processo de recuperação da Sandvik Coromant crucial não apenas para reduzir a pegada de carbono, mas também para manter o avanço da manufatura.

Reduzir os resíduos industriais é essencial para limitar as emissões e cumprir as metas climáticas. O recondicionamento de ferramentas ajuda os fabricantes a repensar os resíduos e a se afastar das práticas tradicionais de consumo. Em última análise, essa prática contribui para um mundo mais eficiente em termos de recursos e ambientalmente resiliente.

* Esta empresa é parceira do Grupo CIMM
O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

Patrik Eurenius

Perfil do autor

Chefe de Sustentabilidade e SSMA na especialista em usinagem Sandvik Coromant