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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento para a instalação de uma planta pioneira no Brasil voltada à produção de glúten vital. A nova unidade será implantada pela Be8 em Passo Fundo (RS). Serão destinados R$ 290,2 milhões à empresa por meio do programa BNDES Mais Inovação.
Extraído a partir da moagem da farinha de trigo, o glúten vital é utilizado como aditivo para melhorar a qualidade da farinha de trigo de panificação. Além disso, está presente também em medicamentos e em itens de higiene pessoal, como cremes dentais e enxaguantes bucais.
A nova planta terá uma localização estratégica. No seu entorno, estão cerca de 170 municípios que respondem por mais da metade do cultivo de trigo do Rio Grande do Sul. O estado concentra a maior produção do cereal no país. A nova fábrica vai processar 525 mil de toneladas por ano de cereais e, assim, fomentar a produção de culturas de inverno na região, gerando alto impacto e valor, sendo uma alternativa aos agricultores para os cultivos nesse período.
O projeto prevê a criação de 29 empregos diretos e aproximadamente 500 indiretos. O financiamento do BNDES está alinhado aos objetivos da Nova Indústria Brasil (NIB), política pública lançada pelo governo federal no ano passado com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento da indústria nacional até 2033.
“Esse projeto está alinhado aos objetivos da Nova Indústria Brasil de incentivar a inovação, agregar valor à produção nacional e reduzir gargalos históricos. Com essa planta pioneira financiada pelo Banco, o Brasil deixa de ser 100% dependente da importação de glúten e passa a ocupar um novo espaço estratégico na cadeia de trigo”, destacou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
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Para José Luis Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, este é um investimento que fortalece a produção nacional, reduz a dependência externa e gera inovação.
“É um insumo que era totalmente importado pela indústria brasileira e que agora poderemos suprir parte da demanda nacional e até mesmo exportar. A planta de produção de glúten contribuirá para o desenvolvimento tecnológico da indústria de alimentos e abrirá novas oportunidades de emprego qualificado no país”, conclui Gordon.
“Celebramos aqui mais etapa muito importante de um projeto que tem a marca registrada da inovação que a Be8 promove”, disse Erasmo Carlos Battistella, presidente da Be8. “Este é um parque fabril que integra um conceito importante de geração de energia renovável e produção de alimento, confirmando que esses dois desafios podem ser superados de forma conjunta”, destacou. Para Battistella, o financiamento do BNDES alinha essa estratégia aos objetivos de desenvolvimento sustentável da nova industrialização do país.
Atualmente não há produção de glúten vital no Brasil, sendo todo o consumo interno suprido por meio de importação. A produção da nova planta da Be8 terá como principal destino a indústria alimentícia nacional, mas há previsão de atender também demandas de outros países da América do Sul, sobretudo o Chile.
De acordo com a Associação Brasileira de Indústria de Trigo (Abitrigo), somente no ano passado, o país demandou quase 22,1 mil toneladas, um acréscimo de 1,07% na comparação com 2023. Quatro países - Áustria, China, Bélgica e Alemanha - responderam por 66% de todo o glúten importado pelo Brasil. Na América do Sul, o único país com alguma produção é a Argentina.
A nova unidade será implantada junto a uma biorrefinaria que está em construção desde o ano passado também com recursos do BNDES. Nela, a Be8 irá produzir etanol de cereais (trigo, triticale, milho, entre outros) destinado ao setor de combustíveis automotivos.
A integração das duas instalações permitirá a otimização de custos e ganhos operacionais. Além disso, a proximidade das operações permitirá o aproveitamento direto do farelo da moagem de glúten no processo de hidrólise e posterior fermentação para etanol.
Considerando as duas operações, a Be8 estima alcançar uma produção anual de 209 mil metros cúbicos de etanol anidro e 25,6 mil toneladas de glúten. A operação também irá gerar subprodutos. Anualmente, espera-se produzir 153 mil toneladas de farelo Distiller’s Dried Grains with Solubles (DDGS), usado na indústria de ração animal.
Vinculada ao Grupo ECB, a Be8 detém atualmente a liderança no mercado nacional de biodiesel. Sua produção foi uma das primeiras do país a receber o Selo Biocombustível Social pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), concedido a empresas comprometidas com a inclusão produtiva dos agricultores familiares. Segundo a empresa, cerca de 40% de sua matéria-prima é adquirida através de inscritos no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
A sede da empresa fica em Passo Fundo e conta com escritórios administrativos em São Paulo (SP), Cuiabá (MT), em Genebra, na Suíça e em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, responsáveis por comercializar a produção de Passo Fundo, Marialva (PR), Nova Marilândia (MT), Floriano (PI), Santo Antônio do Tauá (PA), La Paloma (Paraguai) e Domdidier (Suíça).
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