Fonte: Folha Online - 02/04/07
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que volta ao Brasil "certamente" com "nada" em termos de acordos efetivos, mas afirmou que a reunião de duas horas com George W. Bush foi "a mais produtiva" que teve com o colega americano.
"Eu quero dizer, presidente Bush, que de todas as reuniões que participei, em reuniões com o governo americano, esta foi a reunião mais produtiva", afirmou o presidente Lula, durante conferência de imprensa em Camp David (EUA), ao lado de Bush.
"Se alguém perguntar para mim: 'o que você está levando para o Brasil?' Certamente, eu direi: 'nada'. Agora, certamente, os acordos que nós assinamos hoje e os acordos que poderemos assinar daqui para adiante podem garantir, definitivamente, que as relações entre os Estados Unidos e o Brasil não só são necessárias, mas são estratégicas", acrescentou.
A visita do presidente Lula é parte de um processo de negociação entre Brasil e Estados Unidos para os americanos reduzam a tarifa cobrada sobre o álcool brasileiro. O presidente Bush, ainda em território brasileiro, havia afirmado que um ajuste nessas tarifas não aconteceria antes de 2009.
Na declaração conjunta veiculada após a conferência, os dois mandatários mencionam avanços na discussão sobre o álcool brasileiro, mas aparentemente restritos ao âmbito de cooperação técnica entre os dois países.
Lula também afirmou que mencionou ao colega americano que não seria possível avançar na questão do álcool brasileiro sem discutir o fim dos subsídios agrícolas nos EUA, outra questão polêmica na negociação entre os dois países. Nos EUA, os fazendeiros não apreciam a idéia do país ajudar a indústria brasileira, vista como um possível competidor no mercado interno.
"Sem a eliminação dos subsídios, a oportunidade de desenvolvimento representada pelos biocombustíveis será perdida e, com ela, a possibilidade de melhoria das condições de vida de centenas de milhões de homens e mulheres", disse Lula.
O presidente brasileiro também afirmou que discutiu com Bush sobre o auxílio a países mais pobres, e que foi objeto de acordo entre os dois países para auxiliar no combate e erradicação de doenças em países africanos.
"Estou disposto a reunir-me com ele [Bush] quantas vezes forem necessárias, e com todos os chefes de Estado do mundo quantas vezes forem necessárias, para que a gente possa neste século 21 despertar um pouco de alento na parte da população mais pobre do planeta",afirmou.