Petrobras anuncia pacote bilionário para "reabilitar" indústria naval brasileira

Estatal anunciou investimentos de mais de US$ 70 bilhões em exploração e produção com demandas para a indústria naval e offshore

A Petrobras estima investimentos da ordem de US$ 73 bilhões em atividades de exploração e produção e destinará parte desse investimento para demandas endereçadas à indústria naval e offshore, com oportunidades reais de construção no Brasil. Os projetos relacionados a essas demandas contemplam plataformas de petróleo, navios de apoio marítimo, embarcações de cabotagem e destinação sustentável de unidades, dentre outros.

A Petrobras estima criar até 100 mil empregos diretos e indiretos com essa demanda, no prazo estimado para os projetos.

Construção e revitalização

Além dos 14 novos FPSOs (unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência, da sigla em inglês) previstos no Planejamento Estratégico da companhia, a Petrobras anunciou estudos para contratação de outras sete plataformas, a serem instaladas após 2028 em projetos de revitalização de campos já em produção.

Também foi apresentada demanda para destinação sustentável de 23 plataformas, além de estudos para construção de 16 navios para a cabotagem (quatro navios petroleiros, oito navios gaseiros e quatro navios de cabotagem de médio curso).

“Com essas encomendas devidamente mapeadas e sem o prejuízo de novos anúncios adiante, vamos agora contribuir para o governo federal recriar um ambiente favorável ao investimento e fornecimento local, ajudando decisivamente para a reabilitação da indústria naval e offshore brasileira”, explicou o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. Ele falou durante o evento “O Fortalecimento da Indústria Naval Nacional e o Setor Energética Offshore”, realizado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), na última quinta-feira (18).

Em apresentação no mesmo evento, o diretor de engenharia, tecnologia e inovação da Petrobras, Carlos José Travassos, explicou que, entre 2018 e 2022, a companhia atingiu um pico de 20 mil toneladas/ano em construção de módulos de FPSOs para a indústria naval brasileira. A previsão no Planejamento Estratégico 2024-2028+ é de alcançar pico de 60 mil toneladas/ano.


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Segundo Travassos, também haverá oportunidades para contratação de 38 barcos de apoio, que deverão entrar em operação até 2030. Serão 12 PSVs (Platform Supply Vessel), 10 OSRVs (Oil Spill Response Vessel) e 16 RSVs (Remotely Support Vessel).

“As condições que estarão nos editais, que são naturais, vão favorecer a fabricação de navios de apoio no Brasil. A complexidade dos nossos projetos e o atendimento aos requisitos de conteúdo local propiciarão desafios e grandes oportunidades para a indústria brasileira”, disse Travassos. Ele informou, ainda, que os módulos para as plataformas P-78, P-79, P-80, P-82 e P-83, de propriedade da Petrobras, estão em construção em estaleiros no Brasil. Acrescentou que as unidades próprias P-84 e P-85 estão em fase final de contratação para construção.

O evento realizado pelo IBP marca o lançamento do painel interativo “Mapa dos Estaleiros do Brasil”, ferramenta digital que apresenta informações sobre a infraestrutura dos estaleiros do país. A Petrobras colaborou com a criação da ferramenta.

Oportunidades para a indústria nacional

No contexto das demandas para a indústria nacional, a Petrobras colocará 14 plataformas do tipo FPSO em produção até 2028. Para além desse prazo, mais sete plataformas podem ser implementadas, caso haja viabilidade técnica e econômica. Em relação às embarcações de apoio, a companhia contratará cerca de 200 unidades no período 2024-2028.

Quanto às sondas para pesquisa de petróleo, a Petrobras contará com uma frota de, aproximadamente, 25 navios-sonda em 2024, usadas em atividades de pesquisa de petróleo. Até 2028, a companhia prevê que a sua frota chegue a 30 sondas.

Além das necessidades citadas acima, a Petrobras realiza estudos para contratar embarcações para as suas atividades submarinas e para a navegação de cabotagem. Dentro da atividade de destinação sustentável de plataformas, a companhia prevê descomissionar 23 unidades, até 2028, sendo 9 fixas e 14 flutuantes, e mais 40 unidades pós 2028.

A empresa reforça que todos esses investimentos seguem a governança interna da companhia de aprovação de projetos a partir de sua viabilidade econômica, e são ou serão acompanhados por órgãos de controle externo.