Soja brasileira ganha fôlego com livre comércio entre Mercosul e União Europeia

Indústria de óleos vegetais revê projeção para exportações embalada pelo acordo do Mercosul com a União Europeia e a guerra comercial dos EUA e China

As exportações de soja brasileira deverão se aproximar de 72 milhões de toneladas na safra de 2019. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), as projeções para embarque de soja em grão cresceram 4,2% em relação às previsões anteriores, devido ao agravamento da guerra comercial entre Estados Unidos e China, com impacto positivo na demanda pelo produto do Brasil. A demanda interna pelo grão para que seja processado é também aquecida e contribui para uma oferta cada vez mais ajustada.

O anúncio do acordo de livre comércio do Mercosul com a União Europeia gerou entusiasmo no setor. A Abiove recebeu de forma positiva a notícia. André Nassar, presidente da entidade, ressalta que esse marco vai estimular a industrialização, fundamental para o desenvolvimento e competitividade do país.

 “Com as tarifas zeradas sobre a importação de carnes por parte da UE, a maior demanda pelo produto refletirá positivamente na demanda doméstica por farelo de soja para produção de proteínas animais. Reduzir barreiras é crucial para estimular o mercado interno e agregar valor à nossa indústria”, destaca Nassar. As tarifas de importação sobre a soja e o farelo de soja já são nulas, mas o acordo favorecerá o agronegócio brasileiro pelo estímulo à agregação de valor nas exportações.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o Mercosul e a UE representam, somados, PIB (Produto Interno Bruto, a soma da produção de bens e serviços) de cerca de US$ 20 trilhões, aproximadamente 25% da economia mundial, e mercado de aproximadamente 780 milhões de pessoas. O acordo constituirá uma das maiores áreas de livre comércio.

Oportunidade A União Europeia é o maior importador agrícola mundial. Em 2018, o bloco importou US$ 182 bilhões. O Brasil é hoje o segundo maior fornecedor de produtos agrícolas ao mercado europeu. A estimativa da produção de grãos, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), para a safra 2018/19, é de 240,7 milhões de toneladas. O crescimento deverá ser de 5,7% ou 13 milhões de toneladas acima da safra anterior.


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A área plantada está prevista em 62,9 milhões de hectares. O crescimento calculado foi de 1,9%, comparando-se com a safra 2017/18. Os maiores aumentos de área são de milho segunda safra (819,2 mil hectares), soja (717,4 mil hectares) e algodão (425,5 mil hectares).

A soja apresentou crescimento de 2% na área de plantio e redução de 3,6% na produção, atingindo 115 milhões de toneladas. O Centro-Oeste e o Sul representam mais de 78% dessa produção. Segundo a Conab, houve aumento de área plantada em comparação a 2017/18, alcançando cerca de 35.866,6 mil hectares.

Esse incremento influenciou a estimativa de produção, sobretudo pela menor produtividade média alcançada em razão das adversidades climáticas registradas ao longo do ciclo e dos excepcionais rendimentos apresentados na safra passada, que acabam impactando a base de comparação dos dados. Ainda assim, as lavouras com espécies de ciclo médio e tardio foram menos afetadas pelas intempéries climáticas e isso suavizou a previsão inicial de diminuição da produtividade média.