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Samanta Luchini    |   21/04/2019   |   Desenvolvimento Humano   |  

Neuroplasticidade: A Ginástica Cerebral

O cérebro humano é um órgão dinâmico e adaptativo. Quando aprendemos coisas novas, as conexões cerebrais se multiplicam e ficam mais fortes. Isso significa que que quanto mais usamos nosso cérebro, mais ele se fortalece e se desenvolve.

Na nossa conversa anterior, fizemos um comparativo entre as competências e os músculos do corpo, no sentido de que tudo aquilo que treinamos, se fortalece. Seja para a parte física como também para a parte comportamental.

Quero te convidar a avançarmos um pouco mais nessa análise, falando agora especificamente sobre o cérebro e uma das suas principais capacidades: a de se modificar e se fortalecer através do tipo de situação e experiências às quais ele é exposto.

A neurociência já provou que quando aprendemos coisas novas, todas aquelas minúsculas conexões que existem no cérebro, de fato, se multiplicam e ficam mais fortes. Isso significa que que quanto mais usamos nosso cérebro, desafiando-o a aprender coisas novas, mais células ele desenvolve. Ele se renova e se regenera. Ele se reestrutura e se reorganiza para executar novas habilidades. Fica mais forte e mais produtivo.

A premissa principal é a de que o cérebro humano é um órgão dinâmico e adaptativo.

Essa é uma breve e simples explicação para o conceito de neuroplasticidade, que atualmente vem sendo usado como base para os processos de aprendizagem e desenvolvimento humano. Mas que também é essencial para a recuperação de áreas do cérebro que possam ter sofrido algum tipo de trauma, lesão ou simplesmente perderam sua funcionalidade por falta de estímulo.

Por exemplo, você já deve ter conhecimento sobre casos de pessoas com danos em uma parte específica do cérebro, que depois de um certo tempo recupera suas funções. Isso ocorre porque a neuroplasticidade permite que uma área saudável do cérebro assuma as funções da área que está danificada.

Desta forma, a neuroplasticidade também é pode ser utilizada para mudar as conexões cerebrais e, consequentemente, transformar o modo como o cérebro reage nas mais diversas situações do cotidiano. Conheço uma pessoa que passou por um episódio de Síndrome de Burnout (distúrbio psíquico caracterizado pelo estado de tensão emocional e estresse provocados por condições de trabalho desgastantes) e, como parte integrante e essencial do tratamento, foi recomendado a aumentar a neuroplasticidade através da prática de atividades diferentes daquelas que eram praticadas todos os dias.


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Mas independente de estarmos diante de uma lesão cerebral ou de um quadro de sobrecarga ou estresse, exercitar seu cérebro e estimular a neuroplasticidade será sempre um ganho. E você pode atingir esse objetivo de muitas maneiras.

Dê mais atenção ao seu sono. Seja no aspecto quantitativo ou no aspecto qualitativo. Quando o cérebro passa por privação de sono, experimenta um estado de hiperconectividade, fazendo conexões confusas e ficando sobrecarregado com informações nervosas. O sono consegue restaurar este quadro, fazendo uma espécie de limpeza do cérebro, assegurando-lhe a condição necessária para estabelecer novas conexões, formar novas memórias e aprender novas habilidades.

Aprenda algo novo, diferente das suas habilidades convencionais. Em geral, nós buscamos atividades que convergem com as nossas habilidades e interesses pessoais. Portanto, desafie-se. Aprenda um instrumento musical, caso você nunca tenha tido nenhuma experiência anterior. Se você toca um instrumento de cordas, experimente um de percussão. Aprenda um idioma novo, mesmo que não tenha exigências acadêmicas ou profissionais. Aprenda algum tipo de arte ou trabalho manual. Aprenda a cozinhar.

Escolha um tipo de exercício físico que possa ser executado em qualquer espaço de tempo que surgir na sua agenda. Você pode pular, correr no lugar por alguns poucos minutos ou fazer polichinelo. Sempre que surgir a oportunidade de fazer, faça. Ao longo de um dia, sempre existem pequenas lacunas de tempo que podem ser preenchidas com o exercício que você escolher. E mesmo que ele seja executado em poucas repetições ou pequenos intervalos, ao final do dia você pode ter conseguido dar quarenta pulas, feito cinquenta polichinelos ou corrido no lugar pelo tempo de 10 minutos.

Experimente exercícios físicos diferentes dos habituais. Se você já tem uma rotina de atividades físicas no seu dia-a-dia, experimente alguma atividade nova, que lhe traga estímulos e sensações diferentes. Como por exemplo aulas de dança, cross fit, artes marciais, natação, pilates ou yoga.

Inclua mais quebras na sua rotina. Por força de nossa agenda diária, acabamos por adotar uma série de atividades que são realizadas de forma automática e, às vezes, até robotizada. Use um caminho diferente para chegar ao trabalho. Experimente algo que, à primeira vista, possa ter lhe parecido assustador. Troque o conteúdo das suas gavetas de tempos em tempos. Visite um local da sua cidade que ainda não conhece. Experimente um novo restaurante. Assista outros tipos de filme. Ouça outros tipos de música. Leia livros diferentes. Essas quebras na sua rotina podem fazer com que você se sinta menos eficiente ou produtivo, mas saiba que através delas seu cérebro estabelecerá novos caminhos e novas conexões. Ou seja, seu cérebro ficará melhor.

Um grande abraço e até breve...

O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.
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Samanta Luchini

Mestre em Administração com Foco em Gestão e Inovação Organizacional, Especialista em Gestão de Pessoas pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS e em Neurociência pela Unifesp.
Psicóloga pela Universidade Metodista de São Paulo.
Executive & Life Coach em nível Sênior, com formação internacional pelo ICI (Integrated Coaching Institute) em curso credenciado pela ICF (International Coach Federation).
Professora convidada dos programas de pós-graduação da FGV/Strong, Universidade Metodista e Senac, dos programas de MBA da Universidade São Marcos e Unimonte, e dos cursos FGV/Cademp, para a área de Gestão de Pessoas.
Professora conteudista do Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos – UNIFEOB.
Formadora de consultores e treinadores comportamentais.
Atua há mais de 23 anos com Gestão de Pessoas em diversas empresas e segmentos, dentre elas Wickbold, Bridgestone, Bombril, Solar Coca-Cola, Porto Seguro, Grupo M. Dias Branco, Prensas Schuler, Arteb, Grupo Mardel, Tegma, Pertech, Sherwin-Williams, Grupo Sigla, Unilever, Engecorps, Nitro Química, Grupo Byogene, Netfarma, NTN do Brasil, TW Espumas, Ambev, Takeda, Pöyry Tecnologia,
Neogrid, Scania, Kemp, Ceva Saúde Animal, Embalagens Flexíveis Diadema, Sem Parar, CMOC, Camil e Toyota.
Em sua trajetória profissional e acadêmica, já desenvolveu mais de 27.000 pessoas, com uma média de avaliação superior a nota 9,0 em todos seus treinamentos.
Palestrante, consultora de empresas e autora de diversos artigos acadêmicos publicados em congressos e revistas.
Colunista da revista Manufatura em Foco – www.manufaturaemfoco.com.br


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