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Samanta Luchini    |   11/09/2017   |   Desenvolvimento Humano   |  

Etiqueta no Trabalho: Os deslizes que podem arranhar sua imagem

As regras de etiqueta e comportamento no trabalho que ajudam na construção de uma imagem positiva, na manutenção de relacionamentos harmoniosos e na prevenção de conflitos.

Cultivar hábitos sociais apropriados é uma condição que nos favorece a boa convivência em qualquer ambiente. Em especial no mundo corporativo, onde passamos uma significativa parte da nossa vida, estabelecemos diferentes tipos de relacionamento interpessoal e somos fortemente estimulados a atingir bons resultados, tanto no aspecto técnico como principalmente na esfera comportamental.

Para que se possa construir uma boa marca pessoal e causar um impacto positivo sobre as outras pessoas, é necessário apresentar a atitude correta em inúmeras situações, sendo que uma boa parte delas se mostra delicada, imprevisível e até certo ponto inusitada. Por isso é fundamental estar consciente das principais regras de etiqueta e comportamento no trabalho, que geralmente não estão descritas em nenhum manual ou procedimento de trabalho, para evitar as gafes e armadilhas que possam comprometer sua imagem e reputação.

Durante muito tempo, acreditou-se que falar sobre etiqueta era um privilégio exclusivo das classes mais abastadas e das pessoas que frequentavam as altas rodas da sociedade. O que, na verdade, é um grande equívoco. A palavra etiqueta, dentre suas diversas definições, pode ser entendida como o diminutivo para a palavra ética, que por sua vez representa o conjunto de princípios que regem o comportamento humano. Desta forma, refletir sobre etiqueta é um requisito que se estende a todas as pessoas que desejam construir uma imagem positiva, manter relacionamentos harmoniosos e prevenir a geração de conflitos, independentemente de sua classe social ou profissão.

Estar seguro em saber se comportar corretamente numa reunião ou almoço de negócios, ter competência ao se apresentar para as outras pessoas e ser capaz de conduzir uma conversa polida e assertiva, é algo que não tem preço.

Nos dias de hoje, em que as empresas tem se inclinado para os modelos de gestão que favorecem maior participação e liberdade aos seus colaboradores, ao invés daquele controle mais intensivo que se observava no passado. E onde há mais liberdade, é preciso aumentar as doses de autopercepção, bom senso e responsabilidade.


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E mesmo diante de argumentos que nem precisariam de maiores justificativas, algumas pessoas parecem ser incapazes de fazer uma leitura apropriada do ambiente onde se encontram e enxergar os próprias deslizes. Com isso, colocam sua credibilidade em situação vulnerável.

A proposta deste texto é revisitar algumas das principais regras de etiqueta no trabalho e ampliar a reflexão sobre a importância de cada uma delas para o seu desenvolvimento, como profissional e como pessoa também.

Reclamação deve ter limite. Nossas insatisfações no trabalho devem sim ser explicitadas, preferencialmente de um modo construtivo e para as pessoas que de alguma maneira possam modificar a situação. Além disso, um pouco de insatisfação sempre nos leva a lugares melhores. Mas você já deve ter reparado que algumas pessoas reclamam de tudo, o tempo todo: do chefe, dos colegas da equipe, do volume de trabalho, dos clientes, do salário, dos benefícios, do refeitório, etc. Essa postura, exageradamente insatisfeita, pode criar uma atmosfera negativa e fazer com que as pessoas se afastem de você.

A hierarquia existe para ser respeitada. Mesmo sendo uma caraterística frequentemente questionada, a hierarquia ainda é uma das principais marcas das culturas organizacionais brasileiras. Ultrapassar a hierarquia para atingir um objetivo próprio, como por exemplo, pedir aumento ou fazer uma reclamação para o chefe do seu chefe, denota um comportamento egotista e imaturo, que está sempre busca de gratificação imediata.

A embalagem é importante sim. Como diz o velho ditado "o hábito faz o monge". Vestir-se adequadamente conta muitos pontos na construção de uma imagem positiva. Isso não significa que você precise gastar todo seu dinheiro comprando roupas caras ou contratando um personal stylist. A questão reside em fazer uma leitura adequada do seu ambiente, respeitar suas próprias características e tipo físico e então escolher o que vestir. Vale a pena verificar se na sua empresa existe algum tipo de dress code (padrão de vestimenta), mesmo que isso não esteja publicado oficialmente em nenhum canal de comunicação. Um cuidado adicional deve ser dedicado ao famoso casual day, que geralmente ocorre às sextas-feiras. Mesmo que nesse dia haja maior liberdade e descontração na hora de se vestir, procure não relaxar muito, pois você pode receber a visita inesperada de um cliente ou precisar atender um compromisso externo não planejado.

Menos é sempre mais. Essa regra universal vale para o uso de perfurme, maquiagem e acessórios em geral. Sua aparência deve validar e reafirmar a sua competência e não sobrepor a ela.

Alguns relacionamentos podem atingir outro patamar. É praticamente impossível impedir que as pessoas paquerem e criem relacionamentos afetivos no trabalho, afinal elas passam a maior parte do seu tempo dentro da empresa e encontram pessoas com as quais passam a compartilhar muitas coisas. Entretanto, a manutenção de um relacionamento afetivo no trabalho deve envolver discrição e controle, para que as questões pessoais não interfiram no andamento do trabalho. Agora, se o relacionamento se estabelece entre duas pessoas do mesmo setor ou entre um líder e um subordinado, o melhor caminho é uma das partes buscar uma transferência para outro departamento ou unidade, ou talvez até uma recolocação no mercado.

Pontualidade é sinônimo de boa educação, respeito e competência. Quando você se atrasa para uma reunião ou compromisso, está roubando o tempo de quem chegou no horário e teve que esperar por você. Quando você não cumpre o prazo acordado para a entrega de uma tarefa, está colocando em cheque a sua credibilidade. Seja cauteloso e realista ao construir sua agenda e busque ferramentas que possam ajudá-lo a se organizar.

Celebrar é bom, necessário e todo mundo gosta. Participar de almoços, jantares, eventos corporativos, happy hours e festas de fim de ano já faz parte da lista de atribuições de todos os profissionais. O fato de esses eventos se realizarem, em sua maioria, fora do ambiente corporativo e sob uma atmosfera de alegria e descontração, já tende a atenuar um pouco a força das regras de comportamento que são praticadas no trabalho. Mas independente disso, lembre-se de que você continua representando sua empresa e acima de tudo, refletindo sua imagem profissional e qualquer tipo de excesso pode comprometer sua reputação. Um alerta especial recai sobre o consumo de bebidas alcoólicas. É importante conhecer e respeitar seus próprios limites, mesmo que ele esteja bem abaixo do limite das outras pessoas. Beber além da medida para acompanhar o grupo ou para demonstrar que está bem integrado nunca é uma boa opção. E se você não está acostumado a consumir bebidas alcoólicas, um evento corporativo não é o melhor ambiente para experimentar.

Cuide da sua comunicação, em todos os sentidos. E nesse contexto, temos um universo possibilidades para cometer algum deslize.

As redes sociais e os aplicativos instantâneos de mensagens trouxeram imensa praticidade e rapidez nas comunicações do dia-a-dia, especialmente no trabalho. Contudo, a falta de cuidado parece ter crescido na mesma proporção. Exagerar na quantidade de posts sobre o trabalho ou sobre a empresa, divulgar informações sigilosas, postar indiretas ou fazer exposição dos colegas sem o seu devido consentimento, enviar mensagens para destinatários ou grupos equivocados (e com isso criar situações constrangedoras e conflituosas), abusar das piadas, fotos e vídeos (isso sem mencionar os conteúdos de cunho sexual, político ou religioso) são comportamentos que denunciam falta de atenção, imaturidade e até mesmo desrespeito. Há tempos que as empresas monitoram o uso de internet e se utilizam das redes sociais para conhecer melhor seus colaboradores e candidatos. E não é pelo fato de o seu chefe ou o presidente da empresa não estarem na sua rede, que eles não terão acesso ao seu perfil e aos conteúdos que você costuma publicar.

O bom uso da língua portuguesa sempre está em alta. Não se trata de escrever de forma rebuscada ou como se fosse um membro da Academia Brasileira de Letras. Respeitar as regras básicas de ortografia e gramática faz com que sua mensagem ganhe mais credibilidade. Atentar para o uso de abreviações e gírias também é fundamental. Saudações simples, como “bom dia” no início e “atenciosamente” no final, caem muito bem. Na hora de finalizar a mensagem, não se esqueça de assinar com seu nome completo, cargo, nome da empresa e telefone para contato. Não se esqueça de que uma mensagem escrita funciona como um registro permanente da sua imagem e da sua competência.

Não alimente a rede de rumores, popularmente conhecida como rádio peão. Passar adiante informações sobre as quais não se tem certeza, mentir ou fazer fofocas pode revelar falta de ética. Antes de compartilhar qualquer informação, procure certificar-se  sobre sua veracidade e relevância. Pergunte-se, por exemplo, se o assunto vai contribuir de alguma forma para a dinâmica da empresa ou se trata-se de mera especulação.

Reserve um tempo para analisar e aprender mais sobre a cultura e o ambiente da sua empresa. Você certamente conseguirá fazer uma leitura mais apropriada e com isso, minimizar as chances de cometer algum deslize. Invista também no autoconhecimento. Quando sabemos de fato como funcionamos, fica muito mais fácil escolher a atitude mais assertiva diante de cada situação.

Um grande abraço e até breve.

O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.
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Samanta Luchini

Mestre em Administração com Foco em Gestão e Inovação Organizacional, Especialista em Gestão de Pessoas pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS e em Neurociência pela Unifesp.
Psicóloga pela Universidade Metodista de São Paulo.
Executive & Life Coach em nível Sênior, com formação internacional pelo ICI (Integrated Coaching Institute) em curso credenciado pela ICF (International Coach Federation).
Professora convidada dos programas de pós-graduação da FGV/Strong, Universidade Metodista e Senac, dos programas de MBA da Universidade São Marcos e Unimonte, e dos cursos FGV/Cademp, para a área de Gestão de Pessoas.
Professora conteudista do Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos – UNIFEOB.
Formadora de consultores e treinadores comportamentais.
Atua há mais de 23 anos com Gestão de Pessoas em diversas empresas e segmentos, dentre elas Wickbold, Bridgestone, Bombril, Solar Coca-Cola, Porto Seguro, Grupo M. Dias Branco, Prensas Schuler, Arteb, Grupo Mardel, Tegma, Pertech, Sherwin-Williams, Grupo Sigla, Unilever, Engecorps, Nitro Química, Grupo Byogene, Netfarma, NTN do Brasil, TW Espumas, Ambev, Takeda, Pöyry Tecnologia,
Neogrid, Scania, Kemp, Ceva Saúde Animal, Embalagens Flexíveis Diadema, Sem Parar, CMOC, Camil e Toyota.
Em sua trajetória profissional e acadêmica, já desenvolveu mais de 27.000 pessoas, com uma média de avaliação superior a nota 9,0 em todos seus treinamentos.
Palestrante, consultora de empresas e autora de diversos artigos acadêmicos publicados em congressos e revistas.
Colunista da revista Manufatura em Foco – www.manufaturaemfoco.com.br


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