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por: Eduardo Kenji Agena
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Ano: 2019
Instituições de ensino: Universidade Estácio de Sá
Páginas: 19
Idioma: Portugues
Notas:
A Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) é resultado do trabalho desenvolvido por Carl Rogers ao longo de toda a sua vida produtiva em Psicologia. No caminho do desenvolvimento de seu raciocínio, ele sempre demonstrou preocupação com as bases filosóficas da Psicologia, no entanto, a ACP surge a partir de sua experiência clínica e de pesquisas científicas dela decorrente.Poucos são os pensadores mencionados por ele que o influenciaram diretamente neste sentido. A perspectiva filosófica constitui-se em um modo de pensar a realidade, de questioná-la e de nortear a práxis do ser humano (Holanda, 1998). Este processo de inquirição e elaboração conceitual dá-se sobre construtos derivados da história da filosofia. Na prática psicológica não deve ocorrer a mera transposição de categorias filosóficas ao plano empírico do trabalho cotidiano do profissional da psicologia. Há o duplo risco de, por um lado, descontextualizar-se, e, por conseguinte, distorcer-se determinado conceito filosófico de sua acepção original, e por outro lado, desconsiderar-se a produção conceitual existente na própria psicologia. É necessário, portanto, que ocorram as devidas apropriações, para que assim as abordagens psicológicas, em seu corpo teórico e técnico, possam ser enriquecidas na compreensão e reflexão da experiência humana por meio de conceitos filosóficos. Quanto às perspectivas filosóficas presentes na Abordagem Centrada na Pessoa, Messias (2001) aponta que a ligação existenteentre a psicologia de Rogers e o movimentohumanista e existencial é significativa. Não se pode, no entanto, afirmar que o seu trabalho foi direcionado pela fenomenologia, pois Rogers só descobriu tardiamente esta
filosofia. Ele próprio afirma que nunca estudou filosofia existencial. Seu contato com a obra de Soeren Kierkegaard e de Martin Buber, por exemplo, deveu-se à insistência de alguns de seus estudantes de teologia em Chicago. Apesar disso, encontramos convergências entre seu pensamento e desses autores.
É o que leva Puente (1978) a afirmar que Rogers, mesmo não sendo filósofo, “se encontra na orientação da fenomenologia ao reconhecer neste pensamento o seu estilo de trabalho, que se caracteriza pelo esforço de se aproximar até aquelas camadas do subjetivo que estão mais próximas do objetivo, as experiências pessoais” (p.55). Ao tomar a experiência prática, vivida,como ponto de partida para formular sua teoria e método psicoterapêutico, ao incluir a subjetividade do terapeuta e do cientista e ao se interessar pela compreensão dos significados atribuídos pela própria pessoa às suas vivências e pelos modos de experienciação dos mesmos, Rogers assume, em seu modo de trabalho, a prática de uma atitude humanista e fenomenológica.
Mesmo com tais intenções, não há como negar que a construção da sua teoria
ainda mantinha-se vinculada ao modelo positivista e à matriz cientificista que
dominava o projeto de constituição da psicologia da época, em que a noção de
verdade e o conhecimento representacional estavam muito presentes, daí, o seu extremo interesse com a comprovação científica dos dados observados na prática clínica (Barreto,1999). Por ter tido uma formação pragmática e determinista, Rogers considerava a ciência como algo externo, como um “corpo de conhecimento” sistemático e organizado em fatos observáveis; somente quando conheceu outros paradigmas e modelos de ciência tentou integrar esses dois aspectos, o cientista e o vivencial.
Resumo
A Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) é considerada uma das correntes
identificadas com a Terceira Força em Psicologia ou Psicologia Humanista.
Há aspectos significativos que correlacionam o pensamento do seu
fundador, Carl Rogers, com alguns pressupostos da psicologia humanista e
da filosofia existencialista. Mesmo que seu trabalho não tenha sido
orientado pela fenomenologia, percebe-se em sua obra, desdobrada em
várias fases, a prática de uma atitude desta natureza. Considerar, portanto,
a ACP como uma abordagem humanista, existencial e fenomenológica
remete-nos a uma série de questões relacionadas: 1) o que se entende por
humanista? 2) Por consequência, o que é ser humano nesta perspectiva? 3)Como pensar o humanismo na psicologia? 4) Quais aspectos derivados da
fenomenologia e do existencialismo encontram ressonância com a teoria e
o método da ACP? Este artigo tem como objetivo contribuir na reflexão
sobre as possíveis correlações entre essas perspectivas filosóficas e a
Abordagem Centrada na Pessoa, tema ainda controverso no contexto
brasileiro mesmo diante da diversidade teórica e de perspectivas que esta
abordagem vem assumindo na atualidade.
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