Após investir US$ 600 milhões para produzir carros e instalar no Brasil sua sétima operação fora da Coreia do Sul, a Hyundai faz hoje (09) a inauguração oficial de sua fábrica em Piracicaba, no interior paulista, enquanto corre para atender à demanda pelo compacto produzido na unidade, o HB20.
A lista de espera pelo automóvel chega a superar quatro meses, levando a montadora a antecipar há três semanas o segundo turno de produção, antes previsto para o início do ano que vem. A fábrica já usa toda sua capacidade de 34 carros por hora - ou 150 mil unidades por ano - para entregar os veículos o quanto antes.
A demanda surpreendeu e os coreanos esperam agora fechar 2012 com 26 mil carros vendidos. A expectativa inicial girava ao redor de 10 mil automóveis, mas o grupo resolveu acelerar etapas de produção e comercialização, após ver o mercado atingir marcas históricas com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) a partir de maio.
Assim, a produção comercial começou no dia 20 de setembro e as vendas no dia 10 de outubro, em uma rede de concessionárias criada para vender apenas o HB20, separando o modelo de Piracicaba dos demais carros da marca importados ou produzidos em Anápolis (GO) pela Caoa. Foi a saída encontrada para preservar o acordo que dá ao grupo brasileiro exclusividade nas importações, além da licença para produção e comercialização dos utilitários montados em Goiás.
Nos 15 primeiros dias úteis de venda, a Hyundai colocou o HB20 na sexta posição dentro de seu segmento: hatch pequeno. Foram 3,3 mil carros emplacados, ou uma média diária de 221 automóveis. A partir de janeiro, o carro começa a ser produzido também na versão crossover (utilitário esportivo). O lançamento do HB20 na versão sedã está previsto para março ou abril.
A Hyundai decidiu investir no Brasil com a meta de abocanhar 10% do mercado, o que lhe permitiria disputar a quarta posição, hoje ocupada pela Ford. Contudo, o objetivo ficou mais difícil depois de o governo brasileiro partir para uma politica automotiva dedicada a fomentar a produção local com obstáculos às importações. A participação de mercado da marca, que fechou 2011 em 3,35%, cedeu para 2,6% com a majoração tributária imposta a veículos importados ao longo de 2012.
A montadora diz estar preparada para as demandas de conteúdo local, investimentos em inovação e metas de eficiência energética estabelecidas no novo regime automotivo, editado no início do mês passado. No entorno da fábrica de Piracicaba, a Hyundai atraiu nove de seus fornecedores na Coreia e ainda fechou contratos com 21 fabricantes de autopeças brasileiros.
Segundo informações da empresa, o índice de nacionalização dos carros supera 75%. Mas ainda assim há espaço para evoluir nesse campo, já que componentes com peso relevante no preço do automóvel, caso do motor e eixos, ainda são importados.
Por Eduardo Laguna/ Valor Econômico