A alta de impostos para carros importados barrou o crescimento de marcas coreanas e chinesas, que chegaram com preços capazes de fazer frente aos produtos nacionais. Antes da leva dos asiáticos, a maior parcela das importações era de modelos de luxo, sem concorrência local.
Até julho, as vendas de importados de marcas sem fábricas no Brasil caíram 25%, para 81,7 mil unidades, num mercado que cresceu 3%, para 1,98 milhão de unidades. As 10 marcas coreanas e chinesas venderam 58,6mil veículos, 30% menos ante 2011.
Desde o fim de 2011, o IPI está 30 pontos porcentuais maior para carros de fora do Mercosul e México. Como consequência, importadores fecharam lojas e demitiram cincom mil pessoas.
A JAC Motors, chinesa que chegou ao País em março de 2011 com campanha milionária de marketing fechou cinco das 16 lojas da grande São Paulo. O grupo, representado pelo empresário Sérgio Habib, ameaça desistir de construir fábrica na Bahia caso o governo não adote um sistema de cotas que livre parte dos importados do IPI maior, medida esperada para os próximos dias.
A Changan fechou quatro revendas desde março e a coreana Ssangyoung/Haima outras nove, segundo a Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva). O grupo Effa, que desligou-se da entidade, fechou ao menos 10 lojas. Também perdeu a parceria com a chinesa Lifan, que prometeu uma fábrica local, mas agora vai atuar por conta própria.
Se forem somados os números da Hyundai/Caoa – que produz alguns modelos em Goiás, mas de baixa venda –, os negócios de marcas coreanas e chinesas caíram de 148,5 mil unidades para 109,7 mil, o que reduz a participação desse grupo de 7,7% para 5,5% nas vendas totais de veículos.
Para Luiz Carlos Mello, do Centro de Estudos Automotivos, a alta do IPI "foi um golpe forte para as chinesas, que começavam a se estruturar no País". Já as marcas coreanas devem reagir em breve, aposta ele. A Kia, maior importadora do País, acumula queda de 45% nos negócios e a Hyundai de 19,7%.
Por Cleide Silva/O Estado de S. Paulo