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Após superar as fases eliminatórias do processo de seleção, as cortinas se abrem. O profissional entra, enfim, na sala de entrevista. Como num palco, cada milímetro de quem ele é fica amplamente exposto. Nada escapa aos olhos atentos do recrutador. Começa a hora da verdade. O momento em que o candidato deve provar por A mais B que atende às demandas da companhia.
Para isso, segundo o especialista em marketing pessoal Mario Persona, o profissional não pode ter pudor de ser uma "metamorfose ambulante", como consagrou Raul Seixas. E, nesse processo, ele deve se esforçar ao máximo para agregar seus próprios valores aos da empresa.
Saiba como alcançar isso e como utilizar seu corpo e sua história ao seu favor na entrevista a seguir com o autor de livros como Dia de Mudança e Marketing de Gente (Editora Futura):
Qual o primeiro aspecto que o profissional deve se preocupar durante uma entrevista de emprego?
Mario Persona: O candidato, na hora da entrevista, deve se comportar como um vendedor que já tem informações daquilo que seu cliente busca de valor e deve saber traduzir suas competências para serem percebidas como o valor que a empresa pretende agregar ao seu quadro. Ou seja, ele precisa criar na mente do entrevistador a clara idéia de ser exatamente a pessoa que buscam, ou ao menos aquela que poderá ser a ideal com o mínimo de investimento em capacitação.
Como criar a imagem de que você é o profissional ideal para o cargo?
Persona: Pesquisar bastante a empresa, suas necessidades, sua cultura, o perfil das pessoas que trabalham lá e tentar ao máximo ser uma "metamorfose ambulante". Sem comprometer seu caráter e estilo, ele deve procurar se aproximar da imagem do profissional que a empresa procura. É importante que ele saiba que empresas não contratam máquinas. Máquinas elas compram.
Na hora de contratar, a companhia quer seres humanos, mas seres humanos que estejam alinhados com os propósitos dela. E isso inclui os valores que a empresa tem ao lado de sua visão e missão. Valores não são comprados, valores são agregados à lista daqueles que a empresa possui. É isso que o candidato precisa saber levar: valores que realmente sejam significativos.
A dificuldade maior é que valores são coisas que dependem de uma vida prévia. Muitos candidatos não se preocupam em cultivá-los no tempo da faculdade, dos relacionamentos de amizade ou simplesmente no orkut.
Mas pode ter certeza de que o recrutador vai visitar seu perfil e suas fotos no Orkut e isso vai falar bem mais alto do que um currículo feito no capricho.
Nesse sentido, como fazer marketing pessoal sem parecer egocêntrico?
Persona: A idéia de marketing pessoal ficou associada ao egocentrismo porque o termo acabou se deteriorando para um sentido de autopromoção. Porém marketing pessoal não é isso, e sim todo um trabalho de identificação, análise e atendimento de necessidades.
Mais do que tudo, marketing pessoal é um conjunto de ações que leva o profissional a promover as pessoas de seu relacionamento para que elas o promovam, ao invés de ele fazer isso consigo mesmo.
Um exemplo excelente de marketing pessoal são os cinco primeiros minutos do filme "A lista de Schindler", quando o personagem visita um bar e de diferentes maneiras descobre, analisa e atende as necessidades e desejos das pessoas ali.
O garçom que o recebe pergunta aos colegas se conhecem aquele homem e eles dizem que não. Porém, no final da cena, o mesmo garçom está promovendo o personagem como se fosse "o cara". No entanto, em nenhum momento ele se promoveu. O que fez foi promover as pessoas para que elas criassem uma impressão positiva a seu respeito. Isso é marketing pessoal.
A linguagem corporal pode influenciar a decisão do recrutador?
Persona: Nosso corpo envia continuamente mensagens positivas e negativas, e um candidato a emprego faz isso de forma amplificada, por se tratar de um momento de grande estresse.
Sua postura na cadeira, o modo de sentar, de cruzar as pernas, a posição dos braços, os gestos com as mãos, os tiques nervosos - tudo irá revelar aquilo que ele realmente é por detrás das belas palavras que tenta formular. Um entrevistador experiente estará atento aos mínimos sinais de contradição. Quando ficar em dúvida, o entrevistador acreditará mais no que vê do que no que ouve.
Quais são esses sinais?
Persona: Tocar frequentemente o próprio corpo denota insegurança e até mentira em alguns casos. Virar os olhos nas órbitas pode enviar sinais de impaciência com as perguntas. As mãos gesticulando de forma divorciada da fala pode indicar falta de clareza e segurança nas idéias.
Até o corte do cabelo fala muita coisa acerca do candidato. Se for mulher e jovem, e estiver se candidatando a um cargo que exige rapidez, o melhor penteado é o rabo-de-cavalo. Para uma posição de liderança, cabelos curtos costumam dar maior seriedade. A cor da roupa na entrevista também tem seu peso. O azul dá sobriedade e ar de inteligência. Enfim, tudo comunica.
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