Final do ano não deve rimar com estresse

Festas, reuniões, amigos secretos, compra de presentes... saiba driblar o excesso de eventos dessa época

Fonte: Catho Online - 26/11/2009

Fotos: Divulgação

Final de ano significa estresse para muitos. São incontáveis festas e eventos corporativos, reuniões com colegas da empresa, confraternizações da escola do filho, amigos secretos, festas familiares, compras de final de ano e as tarefas do dia-a-dia, incluindo o trabalho.

Segundo a Isma-BR (Internacional Stress Management Association - Brasil), associação voltada para o estudo do estresse, o nível de estresse do brasileiro aumenta 75% no mês de dezembro. Para 25% destes, os gastos adicionais com presentes e festas são os fatores responsáveis pela tensão elevada.

Para evitar o aumento do nível de estresse nessa época do ano, a principal recomendação é saber administrar o tempo. “E isso significa eleger prioridades”, explica Emerson Ciociorowski, diretor e coach da Tempusnet, consultoria especializada no desenvolvimento humano com foco na administração do tempo. “Como o tempo não é elástico e não conseguimos estar em dois lugares ao mesmo tempo, temos que aprender a planejar nossos compromissos e saber dizer não”, completa.

Para Emerson, o ideal é que você se antecipe no processo de planejamento, saia na frente e tente saber quando as pessoas estão programando os eventos. Por exemplo, não espere seus amigos proporem a data e pergunte aos seus contatos profissionais quando haverá reuniões e festas. “É uma boa solução para uma escolha mais tranqüila e serenamente.” Sabendo com antecedência as datas das festas, é possível, inclusive, que você tente negociar uma outra data.

E se mesmo assim dois eventos coincidirem, saiba dizer ‘não’ e escolha aquele que é mais importante para você. Trabalho, família ou amigos? Não há uma receita de bolo que diga qual escolher. “A pessoa deve eleger o que é mais importante para ela. É uma questão de valores escolher em quais grupos ela quer estar”, opina Emerson. Pode ser que naquele momento seja mais importante estar num evento do trabalho que num outro familiar.

Mas, se você é daqueles que têm dificuldade em dizer não, saiba que é muito melhor, inclusive profissionalmente, que as pessoas saibam que você não vai ao evento e o porquê, ao invés de se comprometer e não ir. “Na verdade, não temos dificuldade em dizer ‘não’ para o outro. Não conseguimos dizer ‘não’ para nós mesmos. Temos de entender que não conseguimos ser perfeitos e satisfazer a todos”, explica Jaime Wagner, diretor da Powerself, instituto especializado em medir produtividade e oferece cursos de administração do tempo.

Sobre a dificuldade que as pessoas têm em dizer ‘não’, Emerson traz um caso curioso, explorado em seu livro Executivo, o super-homem solitário, da editora Idéias & Letras. “Não sabendo dizer não, um amigo conseguiu aceitar ser padrinho de dois casamentos, no mesmo dia e horário, em igrejas diferentes. Deixou para os últimos dias para dizer ‘não’ a um dos casais, o que acabou chateando e causando uma série de transtornos. Conclusão: não dá pra fazer média com todos.“

Se comprometer a ir a um evento e depois desistir também pode ser negativo no ambiente profissional. “Assim como no dia-a-dia do seu trabalho, se você cumpre o que promete, ganha pontos positivos. Se você disse que vai e não for, ganha um ponto negativo”, explica Jaime. “Isso não causa problemas a ponto da pessoa ser demitida, mas ela perde créditos e confiança. E um time é baseado na confiança.”

Outra recomendação relacionada com a administração do tempo é evitar a superocupação, o que ajuda a causar o estresse. “Algumas coisas nós temos que abrir mão. Não adianta você chegar ao evento estressado, cansado e ansioso. Assim, você não será uma boa companhia. Final de ano é época de alegria e de felicitações. Não se estresse com o lazer”, orienta Jaime.

Mas, o que dizer ao chegar à conclusão que não será possível ir a uma determinada festa? Dizer que você já tem um outro compromisso é a melhor saída. Certamente, as pessoas vão entender. A melhor forma de dizer o ‘não’ é mandar um e-mail individualmente para cada participante - claro, se não forem muitas pessoas. “Eu ainda recomendo que você mande uma carta individual e deseje bons votos. O papel mexe com a sinestesia, pois a pessoa pega a carta, lê com calma, guarda. E todos nós somos carentes de atenção”, recomenda Emerson.

Passado o estresse de administrar o tempo, o modo de se comportar nestas festas de final de ano também é alvo de muitas dores de cabeça. Há muitas pessoas que ficam com ressaca moral no dia seguinte por ter falado o que não devia, bebido além da conta ou se empanturrado de comida. “O segredo é ter bom senso e equilíbrio. Isso vale para a comida e para a bebida e também para o comportamento. Nada de ficar alegre demais ou sisudo demais. Evite os excessos”, explica Emerson.

Este é um momento de comemoração, então a pessoa deve estar descontraída, rir e fazer brincadeiras moderadas. Nada de ser inconveniente ou só falar de trabalho. “Como somos avaliados em todos os momentos, com certeza pega mal para um profissional tomar atitudes constrangedoras”, pondera Emerson. Imagine o que os colegas vão dizer de um líder que passou da medida na bebida? Ele acaba perdendo o respeito de sua equipe.

Aproveite estas festas para ampliar o seu networking, o que os especialistas em RH consideram bastante importante na hora de conseguir um emprego. Portanto, “nada de ficar em panelinhas, aproveite para circular e conversar com pessoas que você não tem oportunidade normalmente”, aconselha Emerson.

Jaime também recomenda evitar os excessos e cita um pensamento do filósofo Aristóteles. “Toda virtude está no meio termo entre dois vícios. O vício da falta e o vício do excesso. Se você vai a uma festa e fica travado, é um excesso de moderação”, explica Jaime, que recomenda que as pessoas se voltem para a sabedoria antiga. “Hoje, a moderação não está na moda. A maioria busca o excesso de felicidade, excesso de bebidas, excesso de trabalho, excesso de estresse. Devemos repensar um pouco isso e buscar a harmonia e o equilíbrio”.

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