Inteligência emocional aplicada ao trabalho

Fonte:Empregos Catho Online - 28/10/2009
Foto: Divulgação

Segundo o psicólogo americano Daniel Goleman, conhecimento técnico não é garantia de sucesso. Após estudar cerca de 500 organizações em todo o mundo, Daniel concluiu que os profissionais que mais conquistavam sucesso em suas carreiras não eram os mais inteligentes ou com mais conhecimento acadêmico, mas sim aqueles capazes de lidar com as emoções de forma favorável, canalizando-as para a realização de um objetivo. Eram aqueles que sabiam trabalhar com Inteligência Emocional (I.E.).

A I.E. baseia-se em alguns pilares específicos, que são: autoconsciência, motivação, persistência, empatia e entendimento e habilidades sociais. Podemos pensar que ela apenas nos ajuda a controlar as emoções, mas a Dra. Márcia Resende, psicóloga, coach e advanced trainer em PNL, garante que não é bem assim: “conhecê-las é mais sábio do que controlá-las. Controlar é uma tensão desnecessária, gerenciar emoções é a grande oportunidade que a Inteligência Emocional proporciona, além de propiciar que elas sejam usadas de forma mais favorável ao indivíduo. Esse é o objetivo maior da I.E., saber como aprender com todas as emoções. Exemplo: a raiva pode ensinar uma pessoa a se posicionar. Também vale considerar que toda emoção tem uma intenção produtiva, assim como a raiva pode ter a intenção de valorização, o medo pode ter a intenção de proteger. Descobrir a intenção por trás de uma emoção facilita a mudança da mesma.”

A I.E. pode sofrer influência do ambiente em que uma pessoa é criada, porém, convém ressaltar que ela pode ser desenvolvida sob o aspecto pessoal por meio da autoconsciência e do autogerenciamento. “Sob o aspecto social, pode-se desenvolver a consciência social e a gestão de relacionamentos. Toda competência emocional pode ser aprimorada, mediante o emprego da conduta correta”, garante o professor Marcos Alberto de Oliveira, coordenador técnico dos cursos de pós-graduação em Gestão Estratégica de Projetos e Administração de Empresas da FAAP.

Acredita-se que, hoje em dia, o êxito no emprego está fortemente atrelado ao grau de Inteligência Emocional do profissional. Nunca se falou tanto em trabalho em equipe, iniciativa, liderança, empatia e flexibilidade como se tem falado atualmente, e, nesse sentido, a I.E. é fundamental para o desenvolvimento no ambiente de trabalho. “Ela norteia as relações, e o sucesso é composto dos resultados de relações, interações e comunicação. Nesse contexto, temos maior oportunidade de expressar a habilidade para gerenciar as emoções. Quanto mais habilidade, maior será seu sucesso”, garante a Dra. Márcia.

Marcos Alberto diz que tão importante quanto a formação, a especialização e a nossa inteligência, é a maneira como lidamos com nós mesmos e com os outros. Dra. Márcia complementa: “um profissional que lida bem com suas emoções, comunica-se melhor, respeita mais as pessoas e suas escolhas, inspira os demais e sabe alcançar suas metas. Construir estratégias e gerenciar as emoções favorece o amadurecimento profissional. As empresas teriam melhores resultados se utilizassem essa estratégia, mas como nem sempre isso acontece, cabe ao profissional buscar formas de lidar com suas emoções para crescer, seja por meio de um coaching ou de um curso específico.”

A Inteligência Emocional interfere, também, na tomada de decisão. Se pensarmos nas emoções como condutoras para determinadas atitudes, quando desenvolvemos a habilidade de nos distanciarmos de um contexto e identificamos nossas próprias emoções, conseguimos canalizá-las de uma forma mais positiva e a tomada de decisão se torna mais assertiva e consistente. Decisões pautadas em emoções limitam a percepção da realidade e podem comprometer os resultados.

“Quando um indivíduo desenvolve a capacidade de identificar suas emoções, poderá utilizar esse autocontrole para se sair bem diante das dificuldades nos relacionamentos pessoais e profissionais. Essa capacidade afeta tanto as decisões pessoais quanto as coletivas. As pessoas raramente nos dizem em palavras aquilo que sentem, porém este sentimento não declarado interfere, sim, na tomada de decisão”, declara Marcos Alberto.

Recentemente, ouvimos muitos especialistas dizerem que profissionais são contratados por suas competências técnicas, mas sempre são demitidos por comportamento. Esse fato está, mais uma vez, atrelado à dificuldade de gerenciar as próprias emoções. “O mais interessante é que grande parte dos profissionais continua investindo no desenvolvimento técnico e se esquecendo da importância das relações interpessoais, que representam mais de 80% das nossas atividades. Estamos em contato com seres humanos o tempo todo. Saber lidar com as nossas emoções e com as das pessoas que estão em nossa volta tornou-se essencial para o desenvolvimento profissional”, analisa a Dra. Márcia.

Marcos Alberto diz que “é claro que as aptidões necessárias para se ter êxito começam com a força intelectual, mas as pessoas também precisam de competência emocional para concretizar todo o potencial de seu talento. A razão pela qual não se obtém a utilização de todo o potencial de uma pessoa está na incompetência emocional.”

Nesse sentido, o modo de se comunicar, de causar empatia e de se associar às pessoas ganha grande destaque. Também aqui as emoções dão o direcionamento para o sucesso das relações, pois quanto mais o ser humano sente-se compreendido, melhor será a comunicação. E para isso, tão importante quanto saber falar e se expressar, é saber ouvir.


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