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Quem quiser investir em um veículo zero quilômetro no Brasil precisa desembolsar pelo menos R$ 30 mil, preço do automóvel mais barato à venda no País. “É um valor nada acessível às pessoas mais jovens e por um bem que vai ficar parado, ocioso, na maior parte do tempo”, diz Ivan Gorski, fundador e presidente da Gaia Electric startup brasileira que acaba de abrir a pré-venda do modelo Zero, um triciclo elétrico que promete eficiência em deslocamentos em cidades e em viagens curtas e foi apresentado no ABX19 no fim de maio.
Com a clareza de que há um amplo espaço no mercado entre as gerações Y e Z que gostam de ter um carro à disposição, mas não se identificam exatamente com o modelo tradicional de posse, a Gaia entrega o veículo já inserido em uma plataforma digital e conectado à internet, diz o executivo.
O aplicativo da marca permite travar e destravar a porta, dar a partida e restringir a área de circulação do Zero. “Por exemplo, um pai que queira limitar o deslocamento do filho com o modelo pode fazer isso pelo celular”, conta. O sistema também já virá com a opção de compartilhamento do ativo nas horas de ociosidade, gerando renda para o proprietário.
Para dirigir o modelo, é preciso ter habilitação para pilotar motocicleta. Como não é um veículo fechado, Gorski projeta que o mercado do Gaia Zero não está nas megacidades, mas em concentrações urbanas menores, em que o condutor não fique parado no trânsito correndo risco de ser assaltados, por exemplo.
“A ideia não é copiar o uso dos carros elétricos que vemos na Califórnia, mas entregar uma solução que se adapte verdadeiramente às necessidades brasileiras”, resume.
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Bagagem do setor de tecnologia
Por este recursos Goski rejeita o rótulo de montadora para a Gaia. “Somos uma empresa de tecnologia”, diz. É justamente nesse mercado que o executivo trabalhou a vida toda, com passagens pelo UOL, Yahoo e LinkedIn. Ele lembra que, em um certo momento, vislumbrou um espaço vago na oferta de soluções de mobilidade. “Pensei em fazer a Gaia e fui pesquisar qual seria a concorrência. Foi aí que constatei que a indústria automotiva estava parada, sem nenhuma movimentação nessa área”, diz.
O executivo aponta que as iniciativas que mais balançaram a visão tradicional sobre o carro e o seu uso recentemente vieram, na verdade, de empresas de fora do setor tradicional, como a Uber e a Tesla, que apesar de vender baixo volume de carros elétricos, deu impulso para que as montadoras passassem a oferecer a tecnologia ao público.
“Há um movimento de defesa das coisas como elas sempre foram na indústria automotiva. As empresas precisam entender que é preciso atender a demanda do cliente, ainda que ela vá contra o seu negócio”, diz Gorski, citando um aprendizado que acumulou ao longo dos anos no setor de tecnologia.
Preço alto, custo baixo
O executivo fez o aporte inicial de R$ 500 mil na Gaia do próprio bolso e contratou pessoas do mercado para projetar o veículo e concretizar o projeto. A startup levantou capital em duas rodadas de investimento cujo valor Gorski não revela. Dezoito meses depois, o resultado é um veículo capaz de transportar duas pessoas e rodar 200 quilômetros com investimento de apenas R$ 8 reais em energia elétrica.
O lado ruim da moeda, no entanto, é que o preço do modelo é ainda mais salgado do que o de um carro de entrada, estimado em mais R$ 60 mil. O empreendedor justifica que o valor poderá ser diluído em prestações e coberto com a renda gerada pelo compartilhamento do modelo. “Flexibilizamos o ativo para que ele caiba no bolso e no uso das pessoas”, diz.
“Também não estamos mirando apenas no usuário final”, lembra. Segundo ele, o Zero poderá ser usado como uma plataforma aberta para outras empresas de mobilidade. Um serviço de veículos compartilhados, por exemplo, poderá incorporar o modelo. Outra possibilidade é a venda para frotas de empresas. “Uma empresa de serviços, por exemplo, pode economizar muito em combustível.”
Com essa abordagem de testar a adesão do veículo e adaptar o Zero às diferentes finalidades de uso, a Gaia abriu a pré-venda do veículo: são R$ 300 completamente reembolsáveis, conta. Afinal, a resposta mais importante sobre o real potencial do modelo de negócio desenhado pela startup virá do mercado. Por isso a produção já começou na estrutura da empresa em Manaus, usufruindo dos incentivos fiscais da região.
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