Projeto de navios anima setor produtivo

Consórcio Villegnanon apresenta corveta que foi oferecida à Marinha para empresários baianos

O projeto que pode representar a retomada das atividades do Estaleiro Enseada, em Maragogipe, animou representantes do setor produtivo baiano e de municípios do Recôncavo. Diretores da Naval Group, Enseada, Odebrecht e Mectron, que formam o Consórcio Villegagnon, apresentaram ontem no auditório do Senai Cimatec a corveta Gowind, a aposta para conquistar um contrato de R$ 4 bilhões com a Marinha do Brasil, para a construção de quatro navios de guerra do tipo.

Além do Consórcio Villegagnon, outros três consórcios disputam o contrato, que é o  maior no setor naval desde o arrefecimento no setor de óleo e gás no país, após a Operação Lava Jato. 

Anfitrião do evento, o presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Ricardo Alban, destacou a importância de uma retomada das atividades na indústria naval da Bahia. "Aquele estaleiro em Maragogipe, com tecnologia de última geração, é um patrimônio da economia baiana, que precisa estar em atividade para gerar desenvolvimento", ponderou Alban, ressaltando todo o empenho do Sistema S da Indústria na Bahia para ajudar a viabilizar o projeto. 
"A Federação das Indústrias vai cumprir o seu papel de apoiar toda e qualquer iniciativa na área industrial aqui na Bahia", avisou. "Para nós, o estaleiro, junto com a Ponte Salvador-Itaparica, tem o potencial de criar um novo vetor de desenvolvimento para o nosso estado", avaliou. 


O presidente da Enseada, Maurício Almeida, lembrou que em 2014, quando o estaleiro operou a plena carga, o empreendimento chegou a empregar 7,5 mil pessoas. Segundo ele, quase 10 mil pessoas moradoras de cidades do Recôncavo foram treinadas em atividades relacionadas à indústria naval nos últimos anos. "Com o estaleiro parado, a Bahia se tornou exportadora de mão de obra. Com a retomada das operações lá, acreditamos que não haverá dificuldades de contratações para tocar o projeto", avalia. 


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Almeida ressaltou ainda a convicção de que o projeto do Villegagnon é o melhor para a Marinha. "Nós sabemos que estamos disputando com outros três grandes consórcios, mas somos o único a oferecer uma embarcação que já foi testada em missão", lembrou. 

O diretor-presidente da Naval Group, Eric Berthelot, lembrou que o grupo já é parceiro da Odebrecht em outro projeto da Marinha, o de contrução de submarinos. Ele ressaltou que a transferência de tecnologia para o Brasil, uma das exigências em relação aos projetos, é uma garantia da Naval Group. "Nós ajudamos o Brasil a construir o seu primeiro submarino e transferimos a tecnologia. O mesmo processo vai se repetir no caso das corvetas", destacou. 

A Gowind, modelo de corveta oferecido à Marinha pelo consórcio, é apontada como mais um diferencial positivo do grupo. O navio, segundo representantes do consórcio, possui uma velocidade de deslocamento de 3,2 toneladas, acima do mínimo de 2,5 toneladas exigidos pela Marinha, e poder de fogo superior a de fragatas brasileiras, que são navios maiores. 

Para o prefeito de Salinas da Margarida, Wilson Ribeiro Pedrosa, a retomada das atividades no Estaleiro Enseada é a esperança na região para a redução dos índices de desemprego. "Nossa população vive hoje do mar ou dos empregos da prefeitura. Mas o município tem 16 mil habitantes e a prefeitura só emprega 800, então precisamos de uma retomada econômica", ressaltou. 

Vera da Saúde, prefeita de Maragogipe, contou que o município perdeu 3 mil empregos diretos com a interrupção das atividades no estaleiro. "Muita gente investiu e quebrou. Não temos empresas no município, então o retorno do estaleiro será muito importante para nós", destaca. 

O vice-governador e secretário de Desenvolvimento da Bahia, João Leão, infomou que o estado também está empenhado em ajudar o grupo empresarial a atrair o investimento para o estado. "Vamos fazer o que estiver ao nosso alcance, inclusive conversando com o governo federal e com a Marinha, se preciso, para que este contrato venha para cá", afirmou.