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Trabalhar é bom. Trabalho em excesso pode levar o profissional a sofrer um desgaste físico e mental com consequências devastadoras.
“Se você não eliminar algumas coisas que existem na sua vida, estas coisas eliminarão a vida que há em você”
O ambiente profissional é exigente, demais às vezes. Pouca verba, equipes enxutas, muita pressão e muito trabalho: situação que só tende a piorar em função da própria economia. Além do trabalho ligado à nossa área propriamente dita, existem outras atividades que não são necessariamente parte do nosso job description mas que a gente acaba fazendo porque queremos ser pessoas antenadas: são newsletters que a gente assina, redes sociais que nos mantém conectados 24 horas por dia, cursos, eventos, almoços, reuniões e outras tantas iniciativas que a gente participa pela oportunidade de capacitação, networking e negócios, claro.
Mas existe um outro elemento nesta equação e que está ligado ao nosso perfil. Algumas pessoas “pegam” serviços tão rápido como aquelas que delegam com muita facilidade. No primeiro caso, a culpa é nossa e o excesso da postura “deixa que esta bola é minha” se transforma numa perigosa rotina que pode levar ao burnout – um esgotamento físico e mental, uma verdadeira pane na máquina mais valiosa do mundo: o nosso corpo. A carreira profissional ficou maior que a própria vida e isto não é bom.
Uma coisa que notei com o sistema home/office, por exemplo: pode ser uma armadilha, gente trabalha (muito) mais. Trabalhar em casa é muito prático e produtivo, dá tanta liberdade que no clima de empolgação, a gente trabalha sem parar até para almoçar muitas vezes. Vamos pensar no assunto lá pelas três ou quatro da tarde, fazemos uma pausa e retomamos a lida, sem hora para acabar. O trabalho rende, mas o custo é alto. Esta conta não fecha em termos de saúde.
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Existem, porém, algumas estratégias muito úteis: gerenciamento do tempo, priorização das tarefas, entender o que é urgente, importante, crítico, aquelas coisas todas que a gente sabe, mas não pratica. É preciso aceitar que nossa to-do-list é muito útil, porém algumas tarefas podem ser compartilhadas, delegadas, adiadas e por que não, eliminadas? A palavra-chave é foco e foco aumenta a produtividade.
O fato é que ninguém gosta de dizer não, mas será que somos obrigados a assumir tarefas que decididamente não nos pertencem ou que não vamos conseguir entregar no prazo? Quantas vezes negociamos deadlines ou pedimos ajuda? Quantas vezes esquecemos o nosso core business para executar tarefas que podem ser legais, mas que não estão alinhadas com a nossa missão profissional, aquela pela qual somos cobrados?
A síndrome de burnout, que acontece com tanta frequência no ambiente de trabalho, parece afetar mais mulheres do que homens. Num grupo de mil profissionais, há 540 mulheres para 460 homens com os sintomas. Pelo menos é o que aponta um artigo produzido Sheryl Sandberg, do Facebook e Adam Grant, professor de administração da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. O artigo baseou-se numa pesquisa sobre gênero e burnout realizada em 15 países. Parece que não nos sentimos confortáveis em dizer não e nem estamos falando das preocupações com a casa, outro fator de estresse para a mulher que trabalha.
Penso que alguns profissionais precisam ter uma séria conversa com seus chefes, gestores, colegas e fazer uma autoanálise também. Dizer claramente como estão se sentindo, ou quanto estão se prejudicando tentando ser o funcionário do mês. As expectativas precisam ser estabelecidas e gerenciadas – dos dois lados. O corpo, a mente, a família e amigos agradecem. E a empresa ganha também, funcionários doentes não trabalham, isto é, trabalharam tanto que agora precisam ficar em casa porque a casa caiu. É como dizem, nenhum CNPJ vale um AVC.
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Gladis Costa é profissional da área de Comunicação e Marketing, com vivência em empresas globais de TI. É fundadora do maior grupo de Mulheres de Negócios do LinkedIn Brasil, que conta com mais de 6200 profissionais. Escreve regularmente sobre gestão, consumo, comportamento e marketing. É formada em Letras, e tem pós graduação em Jornalismo, Comunicação Social e MBA pela PUC São Paulo. É autora do livro "O Homem que Entendia as Mulheres", publicado pela All Print.
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