Saint-Gobain aposta em novos projetos para superar crise

Estratégia foca em produtividade e soluções para novos clientes.

O impacto do fraco desempenho da economia sobre o nível de confiança do empresário e do consumidor não deve abalar os planos estratégicos da Saint-Gobain, cujas divisões Sekurit e Plásticos de Alta Performance atuam fortemente no setor automotivo, a primeira com a produção de vidros exclusivamente para o setor e isolamento de cabine e a segunda com a fabricação de componentes.

“Mesmo com este cenário de incertezas, no qual ainda não temos horizontes para projetar um desempenho mais otimista, temos como característica uma companhia inovadora em não abrir mão do desenvolvimento a fim de oferecer produtos diferenciais que atendam as necessidades dos nossos clientes”, afirma José Luiz Redondo, diretor geral da Saint-Gobain Sekurit no Brasil.

O executivo lembra que no último ciclo de investimento, entre 2011 e 2012, o foco era aumento da capacidade produtiva no País, onde a divisão possui seis fábricas dedicadas: Mauá e São Caetano do Sul (SP), respectivamente unidades de transformação (produção de vidros) e pesquisa e tecnologia, além de unidades modulares próximas a montadoras em Gravataí (RS), Betim (MG), Sumaré (SP) e mais recentemente em Goiana (PE). Neste ano, o foco dos investimentos, mais pontuais e menores, segundo ele, são para aumentar a produtividade.

O diretor conta que mesmo que o mercado tenha diminuído o ritmo de toda a cadeia da indústria automotiva, há movimentos que apontam para novas tendências de consumo, o que para ele se apresentam como oportunidades de negócio, caso da perda cada vez maior da participação de mercado de carros populares pouco ou nada equipados com componentes de conforto, por exemplo. “O Brasil ainda não está no nível de mercados mais maduros que entregam um produto mais completo, mas é um fator que está chegando aos poucos, embora o custo ainda seja preponderante”, observa.

Nos últimos anos, a divisão tem focado seu desenvolvimento local na inovação de produtos como vidros de para-brisas mais finos e eficientes ou mesmo vidros diferenciados para teto solar ou ainda em equipamentos de conforto na área de isolamento acústico e térmico dos habitáculos, cujos níveis de exigência só aumentam para novos projetos de veículos globais e que também tem o Brasil ou outros mercados da América Latina como rota. 


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Para 2016, as operações na região passarão a contar com uma nova fábrica de vidros na Argentina, na província de Campana, próxima a Buenos Aires, cuja inauguração está prevista para o fim de janeiro. A nova operação ajudará a elevar os níveis de nacionalização exigidos pelo governo local. Ainda assim, a produção total da divisão na região não deve crescer significativamente, uma vez que a empresa projeta um 2016 parecido com 2015 em termos de volumes. “Não vemos um crescimento a curto prazo”, lamenta Redondo, embora ele admita que a empresa já prospecta novos clientes para quem sabe começar a fornecer já no próximo ano.

Já a divisão de plásticos de alta performance, que dedica um terço dos negócios ao setor automotivo, não espera queda dos volumes em 2016 a partir de dois fatores: pelos clientes que apresentaram desempenho positivo no mercado e para novos clientes, caso da Jeep, cujo fornecimento será maior a partir do próximo ano. A empresa fornece mancais e buchas auto lubrificantes para assentos e dobradiças de portas e porta-malas.

“Estamos desenvolvendo com os clientes atuais novas soluções para nacionalizar componentes. Muitos assentos e dobradiças são importadas e com aumento do dólar começa a ficar vantajoso utilizar nossas soluções locais. É também aí que deveremos ganhar volumes de produção e novos clientes”, revela Juliano Ohta, diretor geral da divisão de plásticos de alta performance. 

Neste ano, as duas fábricas da divisão localizadas em Vinhedo e Sumaré, ambas em São Paulo, sofreram ajustes de produção com adoção de férias coletivas e realocação de funcionários para outras linhas mais produtivas evitando demissões.

“As operações foram fortemente impactadas pela queda das atividades de grandes montadoras, como Fiat e Volkswagen, que naturalmente demandam maior volume. Apesar disso, como somos especializados, não perdemos market share, uma vez que também trabalhamos com clientes que tiveram melhor desempenho no mercado, como Toyota e Honda, compensando parte da queda”, afirma Ohta.