Votorantim investe R$ 1,1 bi em eólica

Depois de apostar durante anos na geração hídrica para consumo próprio, grupo da família Ermírio de Moraes decide produzir e vender energia do vento.

Tradicional investidora do setor elétrico, com participação em 33 usinas hidrelétricas e cinco térmicas, a Votorantim Energia estreia na geração eólica com investimento de R$ 1,13 bilhão. Até 2018, quando será comemorado o centenário do grupo da família Ermírio de Moraes, a empresa espera inaugurar sete parques eólicos no Piauí, com capacidade para 206 megawatts (MW) de energia.

O empreendimento faz parte de um projeto maior, de 600 MW e que custará, no total, R$ 3 bilhões. A construção da primeira fase deverá ser iniciada em meados de 2016 e vai criar entre 900 e 1 mil postos de trabalho na fronteira entre Piauí e Pernambuco. A data para uma segunda fase ainda está pendente e dependerá das condições de mercado.

A decisão de seguir a onda de investimentos em eólica, que teve início no fim de 2009 no Brasil, tem a ver com a necessidade da empresa de ampliar os serviços de eletricidade. Até três anos atrás, o foco era produzir energia para abastecer os negócios do grupo, afirma o diretor presidente da Votorantim Industrial, João Miranda. A partir daí, diz ele, a empresa decidiu desenvolver uma carteira de clientes no mercado livre e produtos compatíveis com as exigências desses consumidores, incluindo serviços de consultoria para eficiência energética.

“Percebemos que precisávamos crescer a capacidade de lastro próprio para comercialização. Ou seja, gerar energia não só para o consumo próprio, mas também para terceiros”, afirma Miranda. Ele conta que a empresa estudou vários projetos de energia renovável, na área de hidrelétricas, eólicas e solar. “A eólica amadureceu mais rápido e tem um risco menor, que é o risco do vento.”

Sob novo comando

A tarefa de implementar o projeto no Piauí ficará a cargo do novo presidente da Votorantim Energia, Fabio Zanfelice, ex-executivo do grupo CPFL e Cesp. Ele destaca que o empreendimento vai congregar a venda de energia para o mercado regulado e para o mercado livre. No leilão realizado pelo governo federal, em agosto, a empresa vendeu 93 MW médios. O restante (9 MW médios) será destinado aos consumidores livres. 


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“A demanda pela energia é maior do que o total disponível. Até o momento, temos negociações avançadas com cinco clientes”, afirma Zanfelice. Ele afirma que 65% do projeto deverá ser financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e 35%, com recursos próprios. Questionado sobre o impacto do aumento do dólar no projeto, ele destacou que ao vencer o leilão, em agosto, a empresa travou o câmbio.

O executivo afirmou, no entanto, que a desvalorização do real vai encarecer a energia eólica, já que, em média, 30% dos projetos têm componentes importados. Para os próximos leilões, o governo terá de elevar o preço teto, possivelmente, acima de R$ 200 o MWh, diz ele.