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Quinta maior fabricante de autopeças do mundo, a Aisin tomou no Brasil uma decisão pouco comum a empresas japonesas, que, pela falta de espaço, acostumaram-se a aproveitar ao máximo cada metro quadrado disponível no país de origem - onde o terceiro maior parque industrial do mundo foi construído em território menor do que a Bahia.
Rompendo a tradição de construir fábricas "sob medida", a companhia vai deixar vaga metade da área do segundo galpão industrial que começou a construir na fábrica de Itu, interior paulista, para produzir componentes de motor. No local, a Aisin terá capacidade de produzir peças para até 200 mil propulsores por ano. Quer, no entanto, deixar espaço livre para futuras expansões, caso seja necessário. "Isso é uma provocação, uma mensagem [de nossa matriz]. É como se eles dissessem: 'podemos fazer mais investimentos, mas antes queremos que vocês nos tragam novos negócios'", diz o presidente da Aisin no Brasil, Takeshi Osada, acrescentando que, se decidir ocupar todo o galpão, será possível triplicar a produção.
Num momento em que consumo de automóveis no país cai mais de 9% e a produção recua em ritmo de dois dígitos, o momento não é dos melhores para convencer os controladores a reforçar as apostas no mercado brasileiro. Mas, pelo menos, R$ 140 milhões já estão garantidos na nova linha em construção. Só para erguer o prédio, a Aisin prevê investir R$ 90 milhões. Outros R$ 50 milhões devem ser desembolsados nos equipamentos industriais. Todo o investimento será financiado pelo caixa da empresa no Japão, diz Osada.
Se tudo sair dentro do cronograma, a produção começa em março de 2016, com três peças de motor: bombas de óleo, cárter e cabeçote. O primeiro e principal destino desses produtos é a fábrica de propulsores que está sendo construída pela Toyota em Porto Feliz para equipar o carro compacto Etios, produzido pela marca japonesa na vizinha Sorocaba, também no interior paulista. "Onde a Toyota está, nós também estamos", diz o presidente da Aisin no Brasil. E não há exagero na declaração, já que, das vendas globais da Aisin, a Toyota responde por mais de 64%. Mas Osada adianta que outra montadora nipônica, a Nissan - que inaugurou, em abril, sua nova fábrica no sul do Rio de Janeiro -, também já está confirmada como "cliente firme" das peças de motores que serão produzidas em Itu.
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Embora esteja posicionada entre os cinco maiores grupos de autopeças do mundo, somando faturamento anual de quase US$ 26 bilhões, a Aisin é no Brasil uma empresa pouco conhecida, com vendas que ainda são uma fração minúscula nos resultados globais do grupo. Seus maiores mercados, além do Japão, estão nos Estados Unidos e na China.
O Brasil, contudo, entrou ao lado da Índia na rota de investimentos da multinacional quando os mercados desenvolvidos começaram a ruir na esteira da crise financeira internacional de 2008. Nesse contexto, a Aisin, entre 2011 e 2012, ergueu a fábrica de Itu, que agora recebe a segunda linha de produção.
A meta da empresa é ampliar de R$ 125 milhões, número previsto neste ano, para mais de R$ 400 milhões o faturamento de seus negócios no mercado brasileiro até 2017. Apesar do momento ruim das montadoras de veículos, a confiança vem das oportunidades que devem surgir com a evolução tecnológica prevista para os carros brasileiros nos próximos anos, somada às exigências crescentes de nacionalização desses veículos colocadas pelo novo regime automotivo.
Além de Itu, o grupo tem fábrica em Barueri, na Grande São Paulo. Nas duas unidades, produz para montadoras como Honda e General Motors (GM) peças de portas e assentos automotivos - entre batentes, trava de porta elétrica e sensores de peso instalados em bancos.
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