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O mercado de automóveis de luxo parece ser uma ilha de prosperidade em meio a números, na média, cada vez mais negativos da indústria automobilística. Nos cinco primeiros meses do ano, quando o consumo nacional de veículos caiu 5,5%, as três marcas alemãs que encabeçam o segmento premium - BMW, Audi e Mercedes-Benz - renovaram recorde de vendas no país, com alta que, no caso da Audi, chega a alcançar três dígitos.
Os benefícios fiscais concedidos pelo novo regime automotivo brasileiro em troca de investimentos no país deram a essas grifes condições de competir com modelos similares de montadoras locais. Em tese, o dólar mais caro do que um ano atrás tiraria poder de fogo dos automóveis importados, mas, livres da sobretaxa do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aplicada a importados, as marcas premium passaram a ser mais agressivas em descontos e ações promocionais.
Na esteira de uma campanha na qual toda sua linha foi vendida com financiamento de até 20 meses sem juros - após entrada de 50% - e descontos que chegavam a passar de 10%, o mês passado foi o melhor em 20 anos de história da Audi no Brasil.
Num período de dez dias, entre 16 e 25 de maio, a rede de concessionárias da marca teve o horário de funcionamento estendido e ainda ofereceu, a depender do modelo, descontos de 20% no primeiro ano do seguro do veículo e 20 meses de manutenção gratuita. O consumidor que aproveitou a campanha pôde, por exemplo, comprar um A4 por R$ 114,9 mil, R$ 14,3 mil a menos do que o preço de tabela.
O resultado foi que a Audi vendeu a marca recorde de 1,3 mil carros em maio, o que elevou para mais de 5 mil unidades, outro recorde, seu volume de emplacamentos no acumulado deste ano. Isso é mais do que o dobro em relação aos 2,3 mil automóveis dos cinco primeiros meses de 2013 e também acima dos volumes que a marca tinha uma década atrás no Brasil, quando produzia o modelo A3 na fábrica compartilhada com a Volkswagen no Paraná.
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"O mercado está difícil, mas conseguimos crescer como consequência da combinação de fatores como um portfólio de produtos desejados pelo consumidor brasileiro, uma rede de concessionárias motivadas e maior agressividade em ações de marketing", diz o presidente da Audi no Brasil, Jörg Hofmann, que recolocou a marca das quatro argolas em campanhas publicitárias na televisão aberta, após mais de uma década fora dessa mídia.
Para este ano, a meta da Audi é superar a marca de 10 mil carros vendidos no mercado brasileiro. O mesmo objetivo é perseguido pela concorrente Mercedes-Benz para bater o recorde de 2011. Até maio, a Mercedes registrava crescimento de quase 15% nas vendas de carros importados no país, somando pouco mais de 4,2 mil unidades.
A BMW, líder entre as montadoras premium, avançou 24,5% em igual período, chegando à casa de 6 mil veículos no mercado brasileiro, quarto maior do mundo, mas que ainda engatinha no segmento de luxo.
Em comum, as três marcas, além da origem alemã, estão investindo para produzir no Brasil, o que lhes garante uma considerável cota para importar carros sem os 30 pontos percentuais extras de IPI enquanto constroem suas fábricas.
A parcela livre da sobretaxa equivale a um quarto da futura capacidade instalada. Como exemplo, a Mercedes-Benz, que terá linha no interior paulista capaz de montar 20 mil automóveis por ano, pode importar, anualmente, 5 mil carros sem o IPI adicional - ou quase 10 mil quando se inclui a cota que a montadora já tinha direito como fabricante de caminhões.
Essa foi a forma encontrada pelo governo para dar viabilidade aos negócios de novos entrantes, ao mesmo tempo em que fecha as portas para as marcas sem planos de investir no país.
Juntas, BMW, Audi e Mercedes, e a inglesa Jaguar Land Rover, investem R$ 2,4 bilhões em fábricas que, nos próximos dois anos, vão adicionar capacidade instalada anual de 102 mil carros. Portanto, não resta a esses grupos outra alternativa se não continuar renovando marcas recorde nas vendas.
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