Se antes empreender era um sonho realizado por poucas pessoas, atualmente é cada vez mais comum encontrar quem está disposto a criar seus próprios negócios. No Brasil, há cerca de 22 milhões de empreendedores e, nos últimos anos, três milhões legalizaram a situação profissional por meio do programa Microempreendedores Individuais (MEI), que, a um baixo custo tributário e burocrático, atende aos profissionais que trabalham por conta própria. Mas, para que seus empreendimentos façam sucesso, eles têm de superar os cinco vilões mais nocivos à atividade empresarial.
“Há diversos problemas que podem prejudicar as empresas, mas alguns são mais comuns”, afirma Ray Queiroga Junior, sócio do Instituto Aquila, consultoria de gestão com sede nacional em Nova Lima (MG) e internacional em Zurique, Suíça. Conheça melhor estes 'inimigos do sucesso empresarial’:
1. Capital de Giro/Fluxo de Caixa
Para quem está começando, é fundamental organizar o capital de giro. Entre vender um produto, produzir, entregar e receber, é preciso que o empreendedor saiba direcionar o dinheiro disponível para determinadas ações, como aluguel, compra de insumos e salários dos funcionários. “A falta de capital de giro dificulta o crescimento operacional da empresa. É o caso do regime de competência (a empresa dá dinheiro) versus regime de caixa (despesas altas)”, ressalta Queiroga.
2. Metas bem definidas
Meta por meta não representa absolutamente nada. “A meta bem definida tem três características: objetivo, valor e prazo”, afirma o consultor. Ao estabelecê-la, é preciso saber, exatamente, qual o objetivo e não deixar como "o que vier". Deve-se mensurar, também, qual o ganho exato que se pretende obter, seja com um aumento de receita ou produtividade, seja com a redução de uma despesa ou otimização do processo. E, por fim, o prazo, ou seja, em quanto tempo se almeja alcançar os resultados traçados. “Vale lembrar que a meta também precisa ser desafiadora, visando estimular o crescimento da empresa e dos funcionários, mas, em contrapartida, não pode ser muito alta, pois pode ter o efeito contrário e, então, desmotivar a equipe”, salienta.
3. Ritual de Gestão
É o momento em que se analisa o trabalho e compara a meta com o resultado: o proposto foi alcançado? Cada ritual de gestão tem uma pauta, uma frequência e uma duração diferente, mas Queiroga observa: “A reunião é eficaz se o líder participa, afinal, é fácil o funcionário questionar ‘o que vou fazer em uma reunião na qual o meu chefe não está?’. Além da participação do líder, o ritual precisa acontecer em todos os níveis, de operários ao nível coordenador-supervisor”, destaca.
4. Padronização
Identificar qual o gargalho, ou seja, o que restringe a continuidade da produção, é o primeiro passo para a manutenção da empresa. Mas, depois, há de ir além. “Temos de compreender que, ao mexer na gestão, com a identificação de um problema, altera-se o padrão de funcionamento. Por exemplo, coloca-se um filtro de óleo na máquina que vivia quebrando e prejudicando o fluxo de produção. Agora, temos de entender que o filtro está lá e que alguém terá de fazer a manutenção - trocar, limpar, cuidar - para que não quebre novamente”. Para o sócio do Instituto Aquila, uma boa prática é registrar, passo a passo, o que terá ser feito a partir dessa situação, indicando o responsável e o que será cobrado dele.
5. Comodismo
O comportamento do líder é essencial para a sobrevivência e sucesso da empresa. Depois de crescer e atingir as metas, a empresa esbarra na acomodação dos profissionais. Como a situação está confortável, não há estímulo para melhorar. “Este é um dos entraves para o crescimento das empresas. A demanda cresce, a velocidade aumenta e os profissionais não acompanham o ritmo do crescimento. Fazem apenas o necessário, deixando de lado o trivial, o que acarreta sério problema em médio e longo prazos”, frisa Queiroga. “É é no ritual de gestão que as metas serão revistas, estimulando os colaboradores. A maioria, ao atingi-la, estaciona, sentindo-se confortável naquele porto seguro”.