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Ernesto Berg | 24/11/2016
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Metáfora é uma figura de linguagem que ajuda a compreender uma ideia recorrendo a outra ideia. É um dos instrumentos mais úteis ao trabalho criativo, qualquer que seja o campo de atuação profissional.
Se uma imagem vale por mil palavras, então uma metáfora vale por mil imagens. Anônimo
O que estas frases têm em comum?
Tempo é dinheiro.
A cavalo dado não se olha os dentes.
A empresa quebrou.
Barriga da perna.
Céu de Brigadeiro.
Na flor da idade.
Cheque sem fundo.
Matou a bola no peito.
Lágrimas de crocodilo.
Esfriar a cabeça.
Todas as expressões são metáforas. A metáfora é uma figura de linguagem que interliga diferentes realidades através de suas semelhanças. Ela ajuda a compreender uma ideia recorrendo a outra ideia.
Por exemplo: “Esse problema é só a ponta do iceberg.” É uma afirmação de que o problema como é visto, é muito pequeno comparado à real situação, que é muito maior do que parece, como um iceberg, onde só vemos a ponta porque a maior parte está submersa. A metáfora é um dos instrumentos mais úteis ao trabalho criativo, qualquer que seja o campo de atuação profissional.
Outros exemplos
O doce sabor da vingança. Vingança não tem sabor. Aliás, dizem que o seu sabor é amargo como fel (outra metáfora).
Fala pelos cotovelos. Cotovelo não fala.
João é forte como um touro. Associando a pessoa à força de um touro.
Sonia está entre a cruz e o caldeirão. Sonia está com um dilema ou enfrentando problemas éticos ou espirituais.
Ele comprou gato por lebre. A pessoa foi enganada achando que se tratava de uma coisa e recebeu ou encontrou outra.
Essa moça é uma gata. Esse rapaz é um pão. São expressões que traduzem beleza ou encanto.
Dente de alho, pé da mesa, rabo dos olhos, boca do fumo, dança do fogo, nariz empinado, nadar em dinheiro, congelamento de preços, carregar o mundo nas costas, leão do imposto de renda.
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A metáfora de Jack Welch
Jack Welch, o celebrado ex-presidente da General Electric, certa ocasião utilizou uma metáfora muito eficaz para descrever a linha de ação que pretendia adotar na empresa: velocidade, simplicidade e autoconfiança. Perguntou aos altos executivos quantos deles haviam mudado de residência nos últimos dez anos e quase todos levantaram a mão. Perguntou então quantos haviam levado latas de tintas semiusadas e meias velhas para lustrar assoalhos nas novas casas, e a maioria levantou a mão. Perguntou, por último, quantos deles chegaram a usá-las nas residências e, dessa vez, poucos levantaram a mão. Welch então arrematou, dizendo que ocorre o mesmo quando as pessoas mudam de cargo: elas levam para as novas funções procedimentos, processos, sistemas e métodos que antes eram necessários, mas que agora, mesmo não sendo mais úteis, muitos as continuavam usando. E isto estava atrasando as pessoas. Para corrigir o problema o presidente da GE criou o Work-out, um plano de dez anos que era uma espécie de faxina anual para acabar com a lentidão, burocracia e acomodação.
Usando as metáforas das latas de tinta semiusadas, meias velhas e faxina anual, Welch criou um ambiente colaborativo, ágil e inovativo na GE tornando-a uma das empresas mais rentáveis e bem-sucedidas do século XX.
Metáforas no seu dia a dia
Utilizamos a metáfora o tempo todo. Ela é importantíssima na comunicação do dia a dia. É quase impossível nos comunicarmos sem recorrer à metáfora. Pesquisas revelam que, durante as conversações, usamos de 3 a 4 metáforas por minuto, através de simbologias, comparações e analogias. O GPS - ou um mapa - também é uma metáfora, pois embora não seja uma cidade, ele representa graficamente a estrutura viária da cidade, o que permite encontrar facilmente o endereço desejado.
A parábola também é uma metáfora, pois através dela são ensinados ou expostos conceitos, às vezes complexos, que de outra forma seriam difíceis de entender. Por isso mesmo Cristo utilizou inúmeras parábolas para ilustrar melhor suas mensagens e facilitar a compreensão delas pelas pessoas.
Eis algumas metáforas em forma de sentenças.
Os revolucionários e os indivíduos criativos são crianças eternas. O revolucionário não se torna adulto porque não sabe crescer, enquanto que o indivíduo criativo não se torna adulto porque não pára de crescer.
Do filósofo-estivador Eric Hoffer
As mentes são como pára-quedas: só funcionam se estiverem abertas.
Ruth Noller, professora da Universidade de Buffalo
A máquina pode substituir 100 pessoas comuns. Nenhuma máquina pode substituir uma pessoa criativa.
Elbert Hubbard
O dinheiro nunca fez surgir uma ideia; é a ideia que faz surgir o dinheiro.
W. Cameron
Quando a oportunidade bate à porta, algumas pessoas estão no quintal procurando o trevo de quatro folhas.
Roberto Duailibi,
A menor distância entre duas pessoas é o humor.
Anônimo.
Crianças são mensagens para nós de um mundo onde uma vez vivemos.
Anônimo.
Decifra-me ou devoro-te
Uma das mais famosas metáforas é a de Édipo e a esfinge de Tebas, da mitologia grega. Édipo chegou diante dos portões de Tebas, porém na entrada da cidade havia uma esfinge, um ser estranho com rosto humano, corpo de leão, asas de águia e patas de boi.
A esfinge propunha um enigma aos forasteiros. Como ninguém sabia a resposta todos eram mortos por ela. Então Édipo resolveu enfrentar a esfinge. O enigma era: “O que é que tem quatro pés de manhã, dois ao meio dia e três à tarde?”
Édipo respondeu que era o homem. De manhã, na aurora da vida, quando ainda criança, ele engatinha com as mãos e pés; ao meio dia, no auge da força, o homem anda sobre duas pernas e à tarde, no crepúsculo da vida, já velho, ele precisa de uma bengala para se locomover. Era a resposta certa e a esfinge matou-se, permitindo que Édipo livrasse Tebas da tirania da fera.
Por obrigar a mente a fazer associações imaginativas e fantasiosas e assim poder explicar fatos e situações semelhantes entre si, a metáfora é um grande e inesgotável manancial de ideias criativas necessárias a todas as carreiras e profissões. É só uma questão de treinar e perseverar que as ideias e os resultados automaticamente surgem.
*Texto extraído e condensado do livro “Manual de Criatividade Aplicada”, de Ernesto Artur Berg, Juruá Editora.
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Ernesto Berg
Consultor de empresas, professor, palestrante, articulista, autor de 15 livros, especialista em desenvolvimento organizacional, negociação, gestão do tempo, criatividade na tomada de decisão, administração de conflitos. Graduado em Administração e Sociologia, Pós-graduado em Administração pela FVG de Brasília. Foi executivo do Serpro em Brasília por 9 anos e consultor Senior da Alexander Proudfoot Company de São Paulo.
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