Os pecados capitais na gestão informal de empresas.
Continuando o tema abordado na coluna anterior sobre a gestão informal realizada especialmente nas empresas de origem familiar, neste texto iremos abordar o que chamamos de pecados capitais na gestão informal de empresas.
A princípio, o uso do termo “pecado capital” pode parecer muito forte, exagerado até, mas fato é que estes “deslizes de processos” costumam acontecer de forma sistemática em grande parte das empresas, e suas consequências para o negócio podem ser devastadoras.
- PRO LABORE: tradução do latim para “pelo trabalho” é o valor a ser pago para o sócio que trabalha no negócio. Independente das questões fiscais, em termos dos custos do negócio, deve ser considerado como pro labore o valor de mercado que se pagaria a um colaborador capacitado a realizar as mesmas atividades que o sócio realiza no dia a dia da empresa. Valores menores do que o de mercado diminuem invariavelmente os custos, porém revelam uma situação irreal. Valores maiores aumentam os custos e, por consequência, os preços dos produtos da empresa.
- SELEÇÃO DE PESSOAL: No início das atividades de uma empresa é comum que colaboradores e empresários assumam diversas funções, sejam elas produtivas ou de gestão. À medida que o negócio cresce, novas atividades surgem, e a necessidade de seleção de pessoas aparece. Esta seleção deverá sempre ser feita com base na capacidade do profissional, seja ele do círculo familiar do empresário, ou não. Obviamente não iremos desmerecer o valor de uma pessoa de confiança em posições estratégicas, porém, esta pessoa deverá ter as habilidades para exercer a função, caso contrário não deverá ser adicionada aos quadros da empresa.
- AVALIAÇÕES DE DESEMPENHO: Assim como o desempenho dos colaboradores nas suas atividades, o desempenho dos familiares deve ser avaliado. Esta análise também pode ser feita para aqueles colaboradores de longa data, que exercem funções produtivas de forma primorosa, porém não apresentam aptidão para exercer cargos de liderança e gestão. Promovê-los a funções estratégicas somente por terem mais tempo de casa não é o ideal. Pessoas certas em lugares errados irão gerar problemas para empresa no médio e longo prazo.
- USO DO CARTÃO DE CRÉDITO DA EMPRESA: Despesas pessoais não são despesas da empresa. E vice-versa. A separação entre as finanças do negócio e dos sócios é questão imprescindível. Tanto para o controle financeiro de ambos, quanto para garantir que as decisões estratégicas do negócio não sejam afetadas por números irreais, e que com o passar do tempo, se fundem indubitavelmente, e facilmente perde-se o controle.
- USO DE IMOBILIZADO: Se o empresário usa seu próprio carro para atividades da empresa, deve levar em conta estes custos. Da mesma forma, utilizar-se de fontes de financiamento para empresas para adquirir veículos para uso pessoal, irá impor sobre o negócio custos que não são dele. Esta prerrogativa deve ser utilizada para todos os bens. Novamente é preciso pontuar: O que é da empresa é da empresa, o que é pessoal, é pessoal.
Finalmente, é preciso concluir que, por mais que muitas vezes consideremos nossas empresas como nossos próprios filhos, é fundamental que as mesmas sejam “criadas livres e independentes”. É preciso ter em mente que a mistura do pessoal com o empresarial é danosa à longo prazo. Manter esta separação irá evidenciar muito mais facilmente os problemas a serem sanados para se garantir o sucesso do empreendimento.
O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.
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Caio Uribbe Castro
Engenheiro Mecânico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atuou com Gestão de Processos no setor aeronáutico e, atualmente, trabalha focado em Processos de Melhoria de Gestão na empresa Valor & Foco.
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