O presidente-executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes, afirma que a indústria siderúrgica brasileira ainda está com 72% de utilização da capacidade instalada. Este é um dos menores níveis verificados nos últimos anos. Por outro lado, as perspectivas quanto ao atual exercício são positivas.
Segundo ele, nos primeiros dias deste ano ainda não foi possível reverter o cenário do ano passado e o ritmo da atividade se mantém o mesmo. "Nós estamos em um patamar de capacidade instalada abaixo do verificado em 2010", diz. Mello Lopes explica que um nível de utilização de 80% já é considerado razoável para as usinas. Porém, o ideal para o setor é manter o ritmo acima de 90% da capacidade de produção de aço.
Este nível foi superado pela última vez entre 2004 e 2005, quando atingiu 96,7%. Nos anos seguintes, a produção siderúrgica brasileira se manteve acima dos 80% da capacidade, mas com a crise de 2008 o nível de utilização caiu para 63%. Desde então vem se mantendo na faixa de 70%.
Estimativas do IABr apontam que em 2012, por exemplo, a capacidade instalada no país era de 48,4 milhões de toneladas de aço bruto, enquanto a demanda interna alcançou 28.1 milhões de toneladas. Isto representa uma sobra de capacidade de 20,3 milhões de toneladas.
"O mercado interno não cresceu como se imaginava e a exportação também não' justifica. Estes fatores são responsáveis pelo crescimento abaixo do esperado pelo setor siderúrgico no ano passado. Conforme as estimativas do instituto, a produção de aço bruto deverá cair 1,1% em 2012 na comparação com o ano anterior.
Questionado sobre as perspectivas de melhora nos níveis de atividade do setor siderúrgico, o presidente-executivo da entidade afirma que a prioridade absoluta do siderurgia é conseguir operar com um grau de utilização maior, "mas, para tal finalidade, é preciso que o mercado interno cresça", pondera.
Mello Lopes ressalta que é preciso assegurar o crescimento deste mercado, fomentando as compras nacionais e adotando uma defesa comercial inteligente. O setor mantém perspectivas positivas quanto ao atual exercício. O principal motivo é uma série de medidas adotadas ao longo do ano passado e que deverão ter os impactos esperados no atual exercício.
Entre as ações está a redução das tarifas de energia elétrica para o setor industrial, anunciado no final do ano passado pelo governo federal. A indústria siderúrgica tem uma utilização intensiva de energia, sendo um dos principais custos para o segmento.
Além disso, entrou em vigor a Resolução N° 13 do Senado Federal, que acabou com a denominada "Guerra dos Portos". Alguns estados, como forma de estimular o uso dos terminais marítimos, estava desonerando o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) de produtos importados. Para acabar com estes estímulos às importações, a resolução unificou a alíquota do ICMS em 4% nas operações interestaduais com bens e mercadorias importados do exterior após o seu desembaraço aduaneiro.