SSAB quer produzir peças para indústria do aço no país

Grupo sueco afirma que faltam no País equipamentos para trabalhar com aço de alta resistência

Mesmo em um momento em que a palavra de ordem é cautela na hora de planejar investimentos, o grupo sueco de siderurgia SSAB não deixa de vislumbrar boas oportunidades no mercado brasileiro.

Enquanto o projeto para a primeira fábrica da companhia no Brasil permanece na geladeira por conta da retração da economia, a companhia estuda a viabilidade de atuar no desenvolvimento de produtos e equipamentos para a fabricação de peças em aço. Ao falar no assunto, o diretor geral da companhia para o Brasil, Paulo Seabra, é direto: "não vamos entrar em nenhum nicho onde nossos clientes já atuam. Nosso intuito é oferecer mais soluções e não competir com eles". 
 
Segundo o executivo, uma das vantagens do grupo no mercado está no modelo de negócios. Ao invés da parceria com revendas e distribuidores, a SSAB trabalha com a venda direta, o que possibilidade maior proximidade e identificação de demandas.
 
Assim, acompanhando o mercado de aço brasileiro, a companhia percebeu um grande déficit de ferramentas e equipamentos que permitam às indústrias, trabalhar com o aço de alta resistência de forma mais eficaz. Para ele, o aço brasileiro é bem visto, graças à alta qualidade. O que falta, são equipamentos para viabilizar a produção de aço de alta resistência. "Sem eles, é tecnicamente inviável", diz.
 
Ele cita como exemplo o lançamento de uma chapa de aço de alta resistência que a companhia acaba de trazer para o Brasil, cuja espessura é de 0,7 milímetros. A peça, usada no setor de transporte rodoviário, onde a SSAB tem clientes como Randon, Noma, Fachini e Guerra.
 
Ele revela que algumas peças chegam a ser até 50% mais leves que as peças anteriores. "Esse tipo de material é mais resistente e mais leve, o que gera menos desgaste, reduz emissão de poluentes e consumo de combustível", diz Seabra. 
 
Segundo ele, a chapa de menor espessura fabricada no Brasil tem 6 milímetros, em parte, por causa da ausência de equipamentos específicos, que ainda não são fabricados aqui. "É nesses nichos onde faltam investimentos que queremos atuar." Mesmo de olho nas oportunidades de mercado, Seabra explica que ainda não há data para o ponta pé inicial do projeto, porque ele está ligado à decisão sobre a planta no Brasil. "Por ora eles seguem congelados".
 
A expectativa é de que quando sair do papel, a primeira unidade da SSAB no Brasil seja construída na região entre São Paulo e Curitiba, onde há grande concentração de empresas e também facilidade logística.
 
Segundo Seabra, a retração da demanda chinesa por aço não chegou a surtir impactos sobre os negócios da SSAB, já que o mercado asiático responde por apenas 5% das vendas da companhia. "Nossos principais mercados estão nas Américas e na Europa", diz ele, já que cada uma dessas áreas responde por cerca de 47% das vendas.
 
Juliana Ribeiro/ Brasil Econômico

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