Brasil ganha destaque em relatório do Fórum Econômico Mundial sobre o futuro da manufatura

Relatório aponta esforços do Brasil para fortalecer a indústria com foco em tecnologia e diversificação econômica

O Fórum Econômico Mundial citou o Brasil como um dos países que estão investindo em iniciativas estratégicas para fortalecer sua indústria e aumentar a competitividade global. De acordo com o documento Beyond Cost: Country Readiness for the Future of Manufacturing and Supply Chains, realizado em parceria com a consultoria Kearney, o Brasil se enquadra no arquétipo "Adaptador", destacando-se pelos esforços em diversificar sua economia e modernizar o setor industrial.

O relatório enfatiza o lançamento da política Nova Indústria Brasil em 2024, que definiu áreas estratégicas de investimento para fomentar o desenvolvimento tecnológico e a digitalização das indústrias. Entre as ações-chave estão o fortalecimento do setor de semicondutores e a transformação digital das indústrias, elementos considerados fundamentais para impulsionar a competitividade do país.

Embora a indústria brasileira ainda enfrente desafios, como sua contribuição limitada ao PIB, o país continua sendo um dos principais exportadores de produtos como aço, automóveis e eletrônicos. Além disso, o setor agrícola, com liderança global na produção de café, soja e carne bovina, reforça a relevância econômica do Brasil.

O Fórum Econômico Mundial aponta que as nações que investirem em resiliência, sustentabilidade e inovação terão maior capacidade de atrair investimentos e participar das cadeias globais de valor. Para o Brasil, os esforços para diversificar e digitalizar a indústria são passos importantes rumo a uma posição mais robusta no cenário internacional.

O relatório do Fórum Econômico Mundial classifica os países em quatro categorias com base na contribuição da manufatura para o PIB e no nível de PIB per capita. Adaptadores, como Brasil e Índia, possuem baixa contribuição industrial e PIB per capita abaixo da média global. Convergentes, como os Estados Unidos, combinam PIB per capita elevado com baixa contribuição da manufatura. Conectores, como Bangladesh e México, têm forte participação industrial no PIB, mas PIB per capita abaixo da média. Já Escaladores, como Singapura, aliam alta contribuição industrial a um PIB per capita elevado. A avaliação destaca fatores como inovação, resiliência e sustentabilidade para atrair investimentos e fortalecer cadeias globais de valor.


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Além do Brasil, o relatório traz exemplos de outros países que se destacam em diferentes arquétipos:

  • Índia (Adaptador): Semelhante ao Brasil, a Índia apresenta forte setor de serviços, mas avança na indústria com incentivos como o Production Linked Incentive Scheme. Essa política pública tem atraído gigantes como a Apple e fortalecido setores como automotivo e eletrônicos.
  • Bangladesh (Conector): Com um crescimento expressivo no setor têxtil, o país reduziu pela metade a pobreza e se tornou um importante ator global nas cadeias de suprimentos, exportando US$ 43 bilhões em produtos para 167 países.
  • México (Conector): Beneficiado por sua proximidade com os Estados Unidos e acordos como o Tratado EUA-México-Canadá, o México tem uma base sólida nos setores automotivo e eletrônico. Em 2023, superou a China como maior exportador para os EUA.
  • Estados Unidos (Convergente): Com liderança em indústrias de alta tecnologia, os EUA reforçam sua posição com iniciativas como a Lei CHIPS, voltada para semicondutores, e o incentivo à fabricação de veículos elétricos e energia limpa por meio da Lei de Redução da Inflação.
  • Singapura (Escalador): Referência global em manufatura avançada, o país investe em transformação digital e sustentável, destacando-se na produção de produtos químicos e eletrônicos de alta tecnologia.

*Imagem de capa: Depositphotos.com