Produção de aço em 2012 volta a cair, prevê IABr

No próximo ano, a expectativa é que o cenário para a siderurgia brasileira continue incerto

 

O cenário para a siderurgia brasileira em 2013 vai continuar nebuloso e incerto. A avaliação é de Albano Chagas Vieira, presidente do conselho diretor do Instituto Aço Brasil (IABr). Para Vieira, que também preside a Votorantim Siderurgia, o panorama global de negócios para o setor tende a se agravar no ano que vem com o aumento da oferta excedente do produto.
 
A projeção do World Steel Association (WSA) é de um excesso de capacidade de 553 milhões de toneladas no mercado mundial de aço bruto em 2013, ante os atuais 529 milhões de toneladas, ou seja, um crescimento de 4%. "O sinal é de que as grandes economias ainda vão continuar passando por dificuldades", destaca Vieira.
 
Marco Polo Mello Lopes, presidente-executivo do IABr, não vê a situação do Brasil diferente do resto do mundo. A capacidade instalada das usinas em 2012 é de 48,4 milhões de toneladas, ante uma demanda interna prevista de 28,1 milhões de toneladas. A sobra de capacidade instalada de produção de aço bruto no país em relação a demanda doméstica deve chegar este ano a 20 milhões de toneladas. "Tirando a exportação, a capacidade instalada da indústria local é o dobro do consumo interno de aço", calcula o executivo.
 
Diante desse quadro, o IABr não se arriscou a fazer previsão para a produção de aço bruto do país em 2013, ontem (27), durante conversa com jornalistas. Para 2012, estima fechar o ano com 34,8 milhões de toneladas de aço bruto, recuo de 1,1% ante 2011. Esta é a segunda queda de produção siderúrgica nos últimos sete anos. A primeira aconteceu em 2009, quando a taxa de ocupação das usinas caiu para 63%. "Foi o pior ano desde a crise de 2008", lembrou Vieira.
 
Para Vieira e Mello Lopes, a saída para a siderurgia brasileira está no mercado doméstico. O IABr prepara proposta de uma segunda lista de produtos siderúrgicos para terem elevadas suas alíquotas de importação, com destaque para as bobinas a frio, vergalhões e galvanizados. A nova lista deve ser apresentada ao governo no dia 14 de janeiro. A ideia é inibir as importações do produto, que no acumulado até outubro cresceram 4,8% ante 2011. "A primeira lista de dez produtos já entrou em vigor, mas ainda não dá para avaliar seu impacto, é cedo", disse Mello Lopes.
 
Outra medida que deve beneficiar as siderúrgicas, destacou, é a redução em média de 20% das tarifas de energia elétrica. Nos cálculos do IABr, isso pode baixar 4% no custo total do aço produzido no Brasil. "Essa economia vai impactar favoravelmente a margem operacional (Ebitda) das usinas brasileiras que, em alguns casos, encolheram para um dígito na faixa de 5%, ante uma margem entre 15% a 30% em 2007", destacou Lopes.
 
Os executivos aguardam ainda um impulso positivo para o setor com o fim da guerra fiscal dos Estados, a partir de janeiro, quando o ICMS vai encolher para 4%. O dólar valorizado é outro fator que pode ajudar a aumentar a produção.
 
Vieira e Mello Lopes creem que as medidas do governo vão levar as vendas internas a crescer 7,7% em 2013 ante 2012, uma volta ao patamar de 23,4 milhões de toneladas de 2008. O consumo aparente pode avançar para 26,4 milhões de toneladas, ou 4,3% a mais que o de 2012. Mesmo assim, ficará aquém dos 8% caso o PIB do país cresça 4% como espera o Planalto. Em situação normal de temperatura e pressão, a indústria do aço cresce entre 1,8% a 2% para 1 ponto percentual de crescimento do PIB.
 
Na avaliação de Mello Lopes, as siderúrgicas brasileiras não devem tocar nenhum projeto de novo aumento de capacidade no curto e médio prazo dado o excedente de oferta global do produto. As empresas trabalham em 2012 com um nível de ocupação de 72,5%, só superior aos 63% de 2009, o pior ano para o setor siderúrgico nacional. Em 2008, elas trabalhavam com uma taxa de ocupação de 81,3%. O ideal, na avaliação de Vieira, é que o nível de ocupação do setor siderúrgico alcançasse 80% em 2013. Para isso, porém, o consumo per capita de aço do país tinha que subir dos atuais 130 quilos, um dos mais baixos do mundo.
 
Por Vera Saavedra Durão e Marta Nogueira/ Valor Econômico

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