Em mais uma medida na linha "arrumação de casa", a Petrobrás decidiu encurtar o intervalo de manutenção de suas plataformas para três anos.
A companhia quer estancar a queda de eficiência e de produção registradas especialmente na Bacia de Campos, a principal do País, depois de um período de manutenção irregular no passado. Serão investidos ao todo US$ 6,3 bilhões para recuperar duas áreas que respondem por 71% da produção nacional.
"Não tivemos a produtividade planejada nos anos 2010 e 2011, em relação à forma como estávamos fazendo paradas, e é este o grande foco de ataque", disse ontem (21) a gerente executiva de Exploração e Produção, Solange Guedes, ao detalhar o programa de aumento da eficiência operacional (Proef) da Unidade de Operações Rio de Janeiro, na Bacia de Campos.
Para recuperar a eficiência perdida nos últimos três anos na bacia, a companhia investirá US$ 710 milhões para sete concessões novas (unidade Rio). Há quatro meses, a companhia já havia anunciado US$ 5,6 bilhões para as unidades mais antigas (unidade BC).
A equipe de gerentes da companhia explicou que a produção dos campos naturalmente declina ao longo do tempo e é inevitável - embora haja técnicas, como a injeção de água, que podem amenizar essa perda. Além disso, há a eficiência da Petrobrás nas operações: quanto a empresa consegue extrair do potencial total do campo.
Meta
Nos dois casos, houve redução. A produção total da Bacia de Campos caiu 16% de janeiro a setembro deste ano. No caso da eficiência, houve perda de 20% nas unidades mais antigas nos últimos três anos: o índice saiu de 88% em 2009, para 70% neste ano, tendo melhorado agora para 72%. A meta é voltar a 90%. Já nos campos novos, a eficiência caiu de 96% em 2009 para 91% neste ano. A meta é retornar a 94% até 2016.
"Estamos mirando na eficiência, pois o declínio (do potencial) vai acontecer nas unidades maduras", disse Solange.
A recuperação é importante para o caixa da empresa. No caso dos US$ 710 milhões anunciados ontem, (21) a expectativa é de retorno de US$ 2,2 bilhões. "Não podemos deixar acontecer na unidade Rio o que aconteceu na unidade BC", disse o gerente-geral Eberaldo de Almeida Neto.
Em média, as plataformas devem parar por cerca de 15 dias a cada três anos. Com as paradas programadas, a Petrobrás acredita que serão reduzidas aquelas não programadas, evitando os sustos recentes na produção.
Antes, não havia periodicidade estabelecida e os prazos eram mais longos. Um dos motivos para a Bacia de Campos ter registrado, em setembro, a pior produção em cinco anos foi, por exemplo, a parada mais longa do que a esperada da P-52, que passara cinco anos sem manutenção.
A previsão de aumento da produção da Petrobrás está mantida para apenas 2014. Até lá, a companhia aproveitará a entrada de novas plataformas para fazer manutenção nas mais antigas.
Por Sabrina Vale/ O Estado de S.Paulo