Apesar do conceito de inovação ser bastante variável, dependendo de sua aplicação, uma premissa é certa: toda inovação deve gerar vantagens competitivas para o negócio. Dependendo de seu impacto, uma inovação se apresenta em mais de uma forma. Existem as incrementais, que têm limitado grau de novidade. E existem as radicais, que proporcionam um novo padrão competitivo, transformando as relações de mercado.
Quando se pensa em inovação, a primeira imagem que vem à mente se reporta a produtos inovadores, como uma nova máquina ou ferramenta. No entanto, segundo o radar da inovação desenvolvido pelo Prof Sawney, trata-se apenas de um dos possíveis tipos de inovação que pode ser associado a um negócio. Então, onde mais podemos inovar?
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No final do século 19, em um pequeno povoado do Japão, buscando facilitar o trabalho de sua mãe, o filho de um carpinteiro buscava formas de melhorar o tear manual. Em 1924, Sakichi Toyoda, então fundador da Toyoda Loom Works, cria o tear automático e revoluciona a indústria têxtil do país. Pouco tempo depois, o seu filho Kiichiro, em visita aos EUA, se encanta pelo ambiente inovador da indústria automobilística americana. E em 1937, com a venda da patente dos teares automáticos, nasce a Toyota, a primeira montadora japonesa.
Em seu primeiro ano, a empresa fabricou cerca de 4 mil veículos. Apenas 10 anos depois, já produzia 100 mil veículos por ano e detinha 40% do mercado automobilístico japonês. No entanto, também neste período, a Toyota enfrentou a sua pior crise. À beira da falência, o então presidente Eiji Toyoda solicita aos seus executivos a remodelação de todo o processo produtivo da empresa, eliminando desperdícios e reduzindo custos.
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Surge então o modelo Toyota de produção que tinha como meta desenvolver carros pela metade do tempo, metade do custo, em metade do espaço, sem comprometer o alto padrão de qualidade. Na verdade, a ideia foi simples. A empresa devia atender aos anseios dos clientes, proporcionando conforto e tecnologia na medida certa, mas eliminando funcionalidades que o cliente nem estava disposto a pagar. A base modelo foi a eliminação do desperdício, com os três pilares para a sua sustentação: Just-in-time (Produção Linear), Kaizen (Melhora Contínua) e Jidoka (Automação).
Por exemplo, uma pesquisa mostrou que 70% dos consumidores de veículos similares ao Corolla, principal produto da empresa, preferiam os carros nos tons prata e preto. Desta forma, enquanto a concorrência oferecia mais de 10 opções, o Corolla era oferecido com apenas cinco. Isto proporcionou uma economia significativa de custos de produção.
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Outra ação da empresa foi em relação aos seus fornecedores. Quando um fornecedor praticava um preço elevado, ao invés de buscar alternativas, a Toyota auxiliava-o operacionalmente para que praticasse o valor mais justo para ambos. Afinal de contas, para garantir a qualidade tem que ter parceiros de confiança. Outro ponto relevante também foi treinar operadores que desenvolvessem mais do que uma única tarefa e operassem mais que uma única máquina, reduzindo assim o contingente de mão de obra nas fábricas.
Ao invés de inovar apenas em produtos, a Toyota promoveu significativas soluções inovadoras em seus processos, aumentando assim a eficiência de toda a sua cadeia produtiva. Tal estratégia fez com que a organização, em 2007, se tornasse a maior empresa automobilística do mundo, desbancando a gigante americana General Motors.
A história mostra que muitas inovações que transformaram todo um mercado não foram exclusivamente em produtos. Reflita sobre o seu negócio e encontre a sua!