A fabricante americana de máquinas agrícolas AGCO deverá concluir ainda neste mês a reestruturação de sua fábrica de colheitadeiras em Santa Rosa, no Rio Grande do Sul. Com investimentos de R$ 65 milhões, a unidade terá toda a linha de montagem remodelada e modernizada, com previsão de lançamento de novos produtos.
O investimento faz parte do objetivo do grupo de elevar sua participação no mercado de colheitadeiras, além de avançar em implementos e equipamentos para a cana e armazenagem. Nesse sentido, comprou no país a GSI Agromarau, empresa na área de armazenagem de grãos e sistemas de produção de proteína animal, no fim de 2011, e no início deste ano adquiriu 60% da Santal Equipamentos, fabricante de máquinas para cana.
Hoje a AGCO detém 48,8% do mercado de tratores no Brasil (dados de janeiro a setembro), segmento que deve continuar a ser o mais importante da empresa no país. Em colheitadeiras, sua participação de mercado é de 19,3%.
Com seis fábricas no Brasil - quatro no Rio Grande do Sul e duas no Estado de São Paulo (considerando a aquisição de 60% da Santal) -, a unidade de Santa Rosa é a única da companhia na América do Sul que produz colheitadeiras e, portanto, é responsável por abastecer a região. Com capacidade de produção de 200 unidades por mês e em operação desde 1993, a unidade poderá ser ampliada se for necessário, de acordo com o vice-presidente sênior da AGCO para a América do Sul, André Carioba.
A companhia acredita que o mercado brasileiro poderá antecipar algumas compras previstas para 2013 para o fim deste ano, em virtude da redução dos juros do Programa de Sustentação do Investimento, do BNDES (PSI), de 5,5% para 2,5%. A medida, válida até o término de dezembro, provoca aquecimento nas vendas internas de máquinas agrícolas.
Carioba acredita que a AGCO no Brasil apresentará este ano um crescimento entre 3% e 5% nas vendas de tratores e de até 15% em colheitadeiras em relação ao desempenho de 2011. No ano passado, foram comercializados 26,2 mil tratores e 952 colheitadeiras pela empresa no país.
Para 2013, as perspectivas também são otimistas. As vendas internas deverão ficar pelo menos estáveis em relação a 2012. "Se o clima colaborar, teremos uma safra recorde [de grãos] de cerca de 180 milhões de toneladas, e os preços das commodities estão altos. Portanto, o cenário para agricultores e empresas segue positivo", diz Carioba.
Em cerca de um ano, a AGCO terá sua fábrica na Argentina, na região metropolitana de Buenos Aires. O anúncio desse investimento em 2011 no país vizinho, constante foco de restrições a produtos brasileiros, foi um dos fatores que contribuíram para que a Argentina ampliasse a emissão de licenças para a entrada de máquinas agrícolas brasileiras produzidas pela companhia. O valor do negócio não foi divulgado.
As barreiras argentinas devem ser o principal motivo para o recuo das exportações brasileiras das indústrias associadas à Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) este ano na comparação com 2011, apesar da expectativa inicial de estabilidade. Para a AGCO, os embarques deverão ficar estáveis diante também de um câmbio mais favorável e a partir da normalização das autorizações da Argentina.
Por Carine Ferreira/ Valor Econômico