Honda prevê queda de 20% de lucro para este ano

Disputa territorial entre Japão e China influencia vendas da montadora. China é o segundo maior mercado da Honda, após os Estados Unidos.

A Honda cortou sua previsão de lucro líquido anual em 20%, depois de as vendas na China terem sido atingidas por uma reação popular contra produtos japoneses, e alertou que o maior mercado de automóveis do mundo pode não se recuperar até fevereiro.

A revolta dos consumidores tem como base questões políticas por uma disputa territorial entre Japão e China. Por causa disso, montadoras japonesas rivais como Nissan e Toyota devem seguir o exemplo da Honda quando divulgarem seus lucros na próxima semana. Em setembro, esta tendência já foi notada, o que fez com que concorrentes sul-coreanas, como a Hyundai, e alemãs, como BMW, Audi e Mercedes-Benz aumentassem suas participações de mercado no país. A Toyota disse que suas vendas na China caíram 49% em setembro.
 
As vendas da Honda e sua joint venture na China caíram 40,5% no mês passado. A China é o segundo maior mercado da Honda, após os Estados Unidos, respondendo por 17% das vendas.
 
Acura no Brasil
Ao mesmo tempo que a Honda enfrenta problemas na China, a empresa olha para outros mercados emergentes como o Brasil. Durante a abertura do Salão de São Paulo, na semana passada, a montadora anunciou a chegada da marca premium Acura para 2015.
 
O presidente e CEO da Honda Motor, Takanobu Ito, anunciou que antes mesmo da entrada da Acura, a marca começará a renovar toda sua linha de compactos, o que inclui novos Fit e City e um novo SUV compacto. Mas antes disso, a montadora vai investir em pesquisa e desenvolvimeto, totalmente voltado para aumentar a fabricação de componentes locais, o que responde ao novo regime automotivo: serão R$ 100 milhões nos próximos dois anos para isso.
 
Lucro líquido de US$ 1,03 bilhão
A Honda Motor teve lucro líquido de julho a setembro de 82,2 bilhões de ienes (US$ 1,03 bilhão), alta de 36,1%, no entanto, no mesmo período de 2011 sua produção e suas vendas ainda sofriam o impacto do tsunami que assolou o nordeste japonês.
 
No total, a Honda Motor vendeu, entre julho e setembro, 996 mil automóveis no mundo todo, 46,9% a mais que o mesmo período do ano passado, segundo dados publicados na segunda-feira (29).
 
As vendas de motos também aumentaram 1,8% em relação ao ano anterior e se situaram em 3,87 milhões, graças ao aumento da comercialização na Ásia.
 
Entre abril e setembro, primeira metade do ano fiscal no Japão, o grupo Honda teve um lucro líquido de 213,9 bilhões de ienes (mais de R$ 5,445 bilhões), 132% a mais que no mesmo semestre de 2011, quando o Japão se encontrava em plena crise pelo tsunami e o acidente nuclear posterior.
 
Seu lucro operacional nesses seis meses foi de 276,8 bilhões de ienes (R$ 7,047 bilhões), 276,8% a mais, enquanto sua receita de vendas alcançou os 4,7 trilhões de ienes (R$ 119,662 milhões), 30,7% a mais.
 
Ilhas do mar da China
A tensão cresceu nos últimos dias entre os dois países vizinhos desde a nacionalização da ilhas do mar da China pelo Japão. Estas ilhas são chamadas de Senkaku pelos japoneses e de Diaoyu pelos chineses. Além de seu valor estratégico, as ilhas possuem ricas reservas submarinas de hidrocarbonetos.
 
O chanceler chinês chegou a dizer que o arquipélago é "território sagrado". Barcos de vigilância marítima e da administração de pesca chinesese entraram várias vezes no limite dessas águas territoriais, que se estende por 22 km nas margens das ilhas.
Este arquipélago de cinco ilhas se situa 200 km a nordeste das costas de Taiwan e 400 km a oeste de Okinawa (sul do Japão).
 
Taiwan também reivindica o arquipélago e uma pequena frota de 50 barcos de pesca escoltados por navios da Guarda Costeira entraram nessas águas territoriais em 25 de setembro passado, mas logo voltaram para casa.
 
Milhares de chineses participaram em manifestações antijaponesas, às vezes violentas, em meados de setembro em várias cidades chinesas.

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