BC reduz projeção do PIB para 1,6% e eleva da inflação para 5,2%

BC reduziu o crescimento do país de 2,5% para 1,6% em função do fraco desempenho da economia

 

O Banco Central reduziu sua projeção para o crescimento do país neste ano de 2,5% para 1,6%, em razão do fraco desempenho da economia no primeiro semestre e do ritmo gradual de retomada que se observa agora.
 
A informação foi divulgada nesta quinta-feira (27) no Relatório de Inflação da autoridade monetária. Pela primeira vez, o BC passou a projetar também a variação do PIB (soma de todas as riquezas produzidas no país) nos 12 meses seguintes em relação ao último resultado divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 
A expectativa do BC é que a economia brasileira acumule crescimento de 3,3% de julho de 2012 a junho de 2013, projeção que está em linha com a expectativa de aceleração da atividade.
 
A nova previsão de crescimento de 1,6% neste ano está no mesmo patamar da expectativa do mercado, que projeta expansão de 1,57% em 2012, segundo levantamento semanal do BC com cerca de cem instituições (Boletim Focus). Como é de praxe, o Ministério da Fazenda tem uma previsão mais otimista e espera um aumento de cerca de 2% para o PIB neste ano.
 
A projeção do BC está muito próxima da do banco Credit Suisse. Em junho, quando o Credit Suisse foi o primeiro a dizer que o Brasil cresceria apenas 1,5% neste ano, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a previsão era uma piada.
 
A queda na projeção do BC para o PIB foi puxada principalmente pela desempenho pior projetado para a indústria e os investimentos. A previsão do PIB industrial foi revisada de crescimento de 1,9% neste ano para leve retração de 0,1%. Já o comportamento estimado para os investimentos passou de uma alta de 1% para uma queda de 2,2%.
 
A economia brasileira começou 2012 com um desempenho muito fraco e, apesar das várias medidas de estímulo já adotadas pelo governo, a recuperação no segundo semestre tem sido gradual.
 
Economistas avaliam que o cenários externo ruim e gargalos da economia brasileira (custos elevados de produção, por exemplo) estão retardando os efeitos de medidas como a redução da taxa básica de juros (Selic).
 
Inflação
A previsão do BC para a inflação oficial no final deste ano também foi alterada, de 4,7% para 5,2%, ficando ainda mais distante do centro da meta de 4,5%. A projeção é a mesma nos dois cenários trabalhados pelo BC: o que considera que a taxa Selic e a taxa de câmbio ficarão estabilzadas nos patamares atuais de 7,5% ao ano e de R$ 2,05; e o cenário que pressupõe leves alterações nessas taxas de acordo com o que prevê o mercado.
 
No final de 2013, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) estará em 4,9% no primeiro cenário do BC, ante projeção anterior de 5%. Considerando o segundo cenário, a autoridada monetária prevê inflação de 4,8% no fechamento do ano que vem.
 
Em 2011 quando o IPCA chegou a superar 7%, o presidente do BC, Aleandre Tombini, dizia que a inflação voltaria para o centro da meta neste ano, o que não está ocorrendo. Ele afirmou há duas semanas que a alta da inflação neste semestre é temporária e reflete um choque nos preços internacionais das commodities devido a problemas climáticos.
 
A análise é repetida no Relatório de Inflação, que diz que as novas projeções para o IPCA consideram "as estimativas dos impactos causados por mudanças no cenário externo sobre a economia brasileira. Em particular, incorpora o efeito estimado do recente choquede oferta no segmento de commodities agrícolas".
 
Por Mariana Schreiber/ Folha de S. Paulo

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