O desenho financeiro que a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) prepara em sua oferta pelos ativos da ThyssenKrupp pode passar pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), apurou o Valor. O banco estatal financiaria a aquisição, mas também entraria como sócio no negócio, segundo modelagem que vem sendo discutida ainda de forma preliminar.
Conforme fonte a par das conversas, a CSN vai apresentar hoje (28) sua proposta pelos ativos da CSA, no Rio, e pela laminadora nos Estados Unidos, como informou o Valor na edição de terça-feira. Porém, a oferta representa apenas o começo das negociações, que ainda vão passar por várias rodadas e devem se estender até dezembro.
Até lá, os candidatos terão acesso a informações adicionais sobre os ativos. Por isso, os detalhes e a modelagem financeira da oferta da CSN só serão definidos ao longo desse processo. "Por enquanto, é apenas um preço de referência", diz esse interlocutor.
O acordo com o BNDES vem sendo debatido como forma de tornar a aquisição mais atrativa, já que a CSA é uma operação complexa e deficitária.
O Valor apurou que o banco não acompanha esse processo de venda, apesar de credor de R$ 2,5 bilhões da empresa, e não financia compras. Todavia, em alguns casos, pode entrar com participação acionária no negócio. No caso da CSA, há informações de que poderia conceder um crédito à CSN para garantir a vitória uma empresa brasileira nessa disputa.
Um caminho apontado envolveria as ações da CSN na Usiminas, avaliadas hoje em R$ 2 bilhões, que poderiam entrar como garantia na operação como debêntures conversíveis em ações
Uma eventual troca de ações com a ThyssenKrupp ou, ainda, o compromisso do grupo alemão de comprar a produção da CSA - duas possibilidades aventadas pelo mercado para viabilizar o negócio - não interessariam à CSN, segundo apurou o Valor.
Avaliação de um interlocutor que acompanha o processo é que CSN, Ternium / Techint e Nippon Steel são os candidatos mais fortes. "Os japoneses podem ser o elemento-surpresa", avalia. Outra fonte inclui a gigante ArcelorMittal nesse grupo de frente e aponta que a Ternium fará uma oferta apenas pela CSA. Uma fonte da empresa nega interesse no negócio.
Segundo informações, a Gerdau não deve entregar proposta. Já a coreana Posco e a chinesa Baosteel devem centrar seus esforços na unidade americana. Faz sentido no caso da Posco: ela constrói, no Ceará, com Vale, uma siderúrgica de placas. Daí, poderia suprir as operações nos EUA.
Por Talita Moreira, Ivo Ribeiro e Vera Saavedra Durão/ Valor Econômico