Os estoques das companhias dos segmentos de transportes, veículos e autopeças tiveram crescimento acentuado nos últimos anos, com valores absolutos recordes desde 2008.
O setor de transporte da Economática, que inclui empresas como a aérea Gol e a de ferrovias ALL, registrou um avanço de 79% em seus estoques, passando de R$ 303,9 milhões no segundo trimestre de 2011 para R$ 544,4 milhões este ano. Os destaques estão com a OHL, cujos estoques subiram 94%, para R$ 9,8 milhões, a ALL, com alta de 66%, para R$ 169,7 milhões, e a Tegma, com expansão de 36%, para R$ 3,5 milhões.
Veículos e autopeças registraram estoques no total de R$ 8,11 bilhões no fim de junho, alta de 19% na comparação anual. A Iochpe-Maxion teve uma alta de 69%, para R$ 739,3 milhões; a Marcopolo, com crescimento de 31%, para R$ 400,8 milhões; e a Randon, com 21%, para R$ 649,5 milhões.
Mário Bernardes Júnior, analista do BB Investimentos, aponta que o estoque de produtos é reflexo na falta de demanda somada com a expectativa da recuperação econômica.
"Os estoques estão altos há um tempo, e as empresas até chegaram a diminuir a produção, mas a expectativa de melhora para o segundo semestre já fez com que elas aumentassem o ritmo de fabricação em junho."
A Iochpe-Maxion, na opinião do especialista, é a que possui melhor situação entre as empresas de veículos e autopeças, por ter feito duas aquisições no último ano os seus estoques apresentaram a alta drástica.
Para veículos pesados, como a Marcopolo e a Randon, a situação está mais delicada, mas esses estoques devem ser desovados até o fim do ano, com a retomada de crescimento até 2013.
Flávio Castelo Branco, gerente executivo de política econômica da CNI, explica que é normal que os estoques de setores de bens duráveis apresentem uma variação maior que os demais.
Por outro lado, essas empresas têm o benefício de poder ficar mais tempo com o material guardado.
Entre os destaques do setor de siderurgia está a Gerdau com alta de 26% nos estoques, para R$ 9,40 bilhões e Kepler Weber com 15,5%, para R$ 83 milhões. No total, o setor registrou um aumento de 5,4%, para quase R$ 20 bilhões.
Na indústria química, os estoques da Nutriplant cresceram 83%, os da Fertilizantes Heringer, 59%, e os da Braskem, 17%.