A indústria automobilística espera resultados recorde para este mês, com vendas na casa dos 400 mil veículos e produção próxima a 330 mil unidades. Embora usem como argumento o suposto fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), empresas do setor trabalham com a expectativa de prorrogação do incentivo até outubro.
Para o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, "seria muito importante a manutenção (do benefício), embora a informação oficial é de que se encerra no dia 31".
O melhor mês em produção até agora foi agosto do ano passado, com 326,2 mil veículos. Em vendas, o recorde foi em dezembro de 2010, com 381,6 mil unidades. Em julho, a produção cresceu 8,8% em relação ao mês anterior, para 297,8 mil unidades.
No ano, o total de 1,85 milhão de veículos produzidos, incluindo caminhões e ônibus, é 8,5% menor que em igual período de 2011. Belini aposta na retomada do crescimento econômico neste segundo semestre para reverter o quadro de queda. Sua previsão é de encerrar o ano com crescimento de 2% na produção, para 3,4 milhões de veículos.
Já as vendas de 2,081 milhões de veículos de janeiro a julho são 1,8% maiores que no ano passado. A Anfavea mantém projeção de crescimento de 4% nas vendas, para pouco mais de 3,7 milhões de unidades. No mês passado, o estoque das fábricas e revendas baixou de 29 dias em junho para 27 dias de vendas, ou 329 mil unidades.
Segundo Belini, a arrecadação de impostos como um todo manteve-se estável. "A redução da arrecadação do IPI foi compensada com o maior volume de vendas que, consequentemente, beneficiou a arrecadação de Pis/Cofins, ICMS e IPVA."
Em julho foram criados 782 postos de trabalho, sendo 730 nas montadoras e 52 nas fabricantes de máquinas agrícolas. Ao todo, o setor emprega atualmente 147,7 mil pessoas, 3,1 mil a mais que em dezembro.
Cortes
Apesar do saldo positivo, a indústria automobilística tem hoje 1.770 funcionários das fábricas de caminhões da Mercedes-Benz e da MAN em lay-off (suspensão temporária dos contratos) e outros 940 da General Motors entrarão no programa nos próximos dias. Durante o lay-off, parte dos salários é paga pela empresa e parte pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), do Ministério do Trabalho.
Também há empresas com programas de demissão voluntária. Além do lay-off, a GM vai abrir novo PDV em São José dos Campos, o terceiro em dois meses. Nos dois anteriores, obteve adesão de 356 funcionários. A Volkswagen está com programa aberto para cerca de 800 funcionários no ABC paulista.
Já a Fiat anunciou 600 contratações no mês passado em Betim (MG). Também estão em fase de contratação a Toyota - para a fábrica que inaugura esta semana em Sorocaba (SP) - e a Hyundai, que iniciará operações em Piracicaba (SP) em setembro.
Cleide Silva/O Estado de S. Paulo