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Por Francisco Marcondes
Recentemente esteve no Brasil o diretor executivo do KOMET Group Holding, Christof Bönsch. Aproveitando a ocasião a Manufatura em Foco/CIMM teve a oportunidade de entrevistar o Dr. Bönsch. Nesta entrevista o diretor da Komet fala dos planos para investimento e o início da produção no Brasil de ferramentas em PCD (Poly-Crystalline Diamond) e a nova planta entrará em operação até o segundo semestre deste ano.
Qual é a importância estratégica do Brasil e da América do Sul para o Grupo Komet?
Christof Bönsch - A KOMET foi fundada ha mais de 90 anos e possui atualmente 17 subsidiárias, estrategicamente localizadas ao redor do mundo. Os negócios de ferramentas de precisão, por sua própria natureza , exigem uma atuação multinacional. Muitos dos nossos clientes dos segmentos automotivo, aeroespacial, de energia, e outros focados no mercado da usinagem, também são multinacionais. Com o propósito de oferecer o devido suporte a todos os nossos clientes locais, concluímos que era imprescindível estar próximo a eles, por esse motivo nos estabelecemos no Brasil há quase quinze anos. O rápido desenvolvimento econômico do Brasil e da região, clama agora por um novo nível de compromisso, o que nos levou a investir na produção local de ferramentas de PCD (Poly-Crystalline Diamond).
Qual o valor do investimento feito para produzir PCD localmente?
Bönsch - Nessa primeira etapa estaremos investindo mais de 2 milhões de Euros. Nossa intenção é continuar investindo posteriormente na medida em que percebermos evolução nesse mercado.
O que os levou a decisão de produzir PCD localmente?
Bönsch - O Mercado de peças de alumínio é ainda um mercado em evolução, principalmente no segmento automotivo. O PCD é um material que se adapta muito bem à usinagem desse tipo de material. Grande parte das aplicações, no campo da usinagem de peças em alumínio, são operações específicas que exigem um trabalho de engenharia, para o desenvolvimento de uma ferramenta de perfil ideal em função de cada aplicação em particular. A KOMET é uma das principais fornecedoras desse tipo de ferramentas no mundo e, por isso, decidimos investir em uma planta produtiva aqui no Brasil, para estar próximo dos clientes locais, além de reduzir os prazos de entrega, otimizando a logística e melhorando o serviço prestado ao cliente. Atualmente produzimos ferramentas de PCD na Alemanha, Índia, China, Estados Unidos e muito em breve no Brasil.
Que resultados vocês esperam com esse investimento?
Bönsch - Com a experiência adquirida com a nossa fábrica de PCD na Alemanha, nós aprendemos o que é preciso fazer para manter o mesmo elevado padrão de qualidade em todas as demais plantas. Nossa expectativa é que, o alto nível de qualidade e performance de nossas ferramentas, independentemente, se forem fabricadas na Alemanha ou no Brasil, nos permita crescer na região. Com a visão estrita que temos de que “a qualidade vem em primeiro lugar” nos sentimos muito confortáveis para apostar em um crescimento significativo dos nossos negócios no mercado Brasileiro.
Com respeito à inovação, quais foram os desenvolvimentos mais importantes nas linhas de produtos KOMET nos últimos 2 anos?
Bönsch - A KOMET é uma empresa líder, se considerarmos apenas o campo da produção de furos técnicos. Entre os lançamentos mais recentes está nossa broca K2. Trata-se de uma broca que foi desenvolvida em aço, porém com cabeças intercambiáveis de metal duro e tem sido um grande sucesso. No campo dos alargadores nós lançamos e temos a patente do sistema Reamax TS, o qual possui uma cabeça alargadora intercambiável com sistema de fixação lateral que torna o seu manuseio muito mais confortável do que outros sistemas. Nosso sistema de mandrilamento de precisão MicroKom BluFlex, o qual integramos à tecnologia Bluetooth, e que permite coletar dados de leitura de posicionamento da ferramenta, diretamente no ambiente da máquina. Como você pode ver, a partir desta lista, estamos focados no desenvolvimento de ferramentas que proporcionem “fácil manuseio” e “alto rendimento”, que é exatamente o que nossos clientes esperam.
Nenhum executivo tem certeza sobre as tendências do mercado para um breve futuro, de todo modo, quais as suas expectativas para os principais mercados considerando o próximo ano? Por exemplo, se considerarmos a Ásia, a Europa, os Estados Unidos e a América Latina, quais são as suas expectativas “crescimento, desaceleração ou estagnação”?
Bönsch - Nós estamos otimistas para todos esses mercados. Na Ásia o crescimento continuará sendo liderado pelo desenvolvimento da China, embora em um ritmo de crescimento menos acelerado do que em recente passado. Na Europa apesar da chamada crise econômica, muitos desses mercados vêm se desenvolvendo de modo positivo para nós. Nos Estados Unidos também esperamos um crescimento de negócios na ordem de dois dígitos. Temos investido pesadamente no mercado Norte Americano e temos a expectativa de que esses investimentos vão começar a nos gerar resultados a partir de 2012. Na America Latina, certamente, o Brasil será o propulsor do crescimento. Com o investimento que estamos fazendo na produção local de ferramentas de PCD, esperamos um forte crescimento de nossa participação no mercado Brasileiro.
Em um mercado tão competitivo como o de ferramentas de corte, o que o senhor considera como fatores críticos de sucesso da KOMET?
Bönsch - A KOMET, por meio de sua atuação no mercado, conquistou a reputação de empresa de alta classe em manufatura e que produz ferramentas de altíssima qualidade. Contudo, os clientes esperam mais do que isso. Os clientes, em verdade, estão a espera de ideias que possam ajudá-los a otimizar os processos de usinagem, tanto quanto sugestões sobre como obter melhores resultados na aplicação das ferramentas. O slogam internacional da KOMET é: Tools Plus Ideas, ou seja, “ferramentas e ideias”. Creio que isso é o nosso grande diferencial em relação aos demais fornecedores.
Atualmente, o governo brasileiro está fazendo altos investimentos em áreas como: prospecção de petróleo, energia e energia eólica, a KOMET possui alguma linha de produtos dedicada a essas áreas específicas?
Bönsch - Essa áreas da industria que você menciona, possuem sempre demandas para furos técnicos, muitas vezes de grande diâmetro e altos valores de relação profundidade versus diâmetro (L/D). A KUB Centron Powerline é uma ferramenta com lâminas de corte dupla, que permite altas taxas de remoção de cavacos mantendo alta precisão na operação. Para operações de onde o alto desempenho seja uma condição sine qua non, recomendamos nosso sistema patenteado de fixação ABS, o qual é extremamente rígido e também muito preciso.
Que investimentos os senhores estão prevendo para os próximos 5 anos, com vistas a manter seus níveis de competitividade como um fornecedor de ferramentas de corte?
Bönsch - Considerando apenas o ano de 2011, nós investimos 20 milhões de Euros e dedicamos todo esse investimento na aquisição de máquinas. Para o ano de 2012 e nos anos seguintes, nós pretendemos continuar investindo nesse mesmo nível de valores a cada ano. Para produzir qualidade é preciso investir em tecnologia e qualidade. Sem as melhores máquinas não se produz as melhores ferramentas.
O slogan internacional da KOMET é Tools Plus Ideas company (uma empresa de ferramentas e ideias). De onde vocês captam novas ideias para o desenvolvimento de novas ferramentas? Como vocês costumam atuar na area de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento)? Quanto os senhores costumam investir em P&D?
Bönsch - Como uma empresa certificada pela norma ISO, precisamos manter a integridade dos nossos processos. Isso significa que precisamos manter processos idênticos em todas as nossas atividades, isso também em P&D. As plantas e todos os recursos dedicados a P&D estão estruturados em um modelo de “Centro de Competência”, que inclui a padronização dos desenvolvimentos de processos, extensivo a todos os nossos engenheiros na Alemanha. Submetemo-nos a auditorias regulares de qualidade, a fim de manter o mesmo alto padrão em todas as nossas plantas ao redor do mundo. Tudo isso, certamente, é custoso, contudo o dinheiro bem investido reverte em benefícios para nossos clientes e como desdobramento disso nos mantemos fortes no mercado.
Se por um lado as turbulências de mercado geram ameaças, por outro podem proporcionar também algumas oportunidades. Que oportunidades o senhor prevê para a KOMET em um breve futuro?
Bönsch - Nós estamos vendo boas oportunidades para a KOMET, por conta da constante expansão da nossa rede de vendas e serviços, assim como nossos investimentos em tecnologia. Muito recentemente nós adquirimos uma companhia, que detém uma tecnologia exclusiva de recobrimento diamantado tanto para ferramentas de corte, quanto para quaisquer superfícies metálicas. Essa tecnologia permite revestir, desde pastilhas até fresas ou brocas inteiriças de metal duro, utilizando uma estrutura de grãos nano-cristalinos. A versatilidade desse processo nos abre enormes oportunidades de desenvolvimento no mercado Brasileiro. Inovação em produtos e serviços é o nosso foco, e essa abordagem é muito bem recebida por nossa base de clientes, tanto aqui como em outros países.
Que mensagem o senhor gostaria de deixar para os seus clientes e potenciais clientes Brasileiros?
Bönsch - A KOMET, por intermédio da liderança do nosso diretor local, José Luiz Marcandalli e sua experiente equipe, tem se desenvolvido de modo surpreendente aqui o Brasil, principalmente nos últimos dois anos. Um dos motivos é a sintonia e ótimo entrosamento que ele conseguiu estabelecer com o grupo KOMET como um todo. Eu quero convidar a todos aqueles clientes que ainda não experimentaram da nossa filosofia de trabalho “Tools Plus Ideas” que nos deem uma oportunidade de provar a nossa superioridade em nossas áreas de competência. Estou convicto de que irão se surpreender positivamente.
Para os leitores que se interessarem por mais detalhes sobre alguma informação aqui levantada, a diretoria da KOMET nos forneceu o seguinte telefone (11) 2423 5511.
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