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Há oito anos a tecnologia flex começava a ser utilizada em larga escala nos automóveis, com o lançamento, em março de 2003, do Volkswagen Gol 1.6 Total Flex. Vários fornecedores de autopeças detinham a tecnologia, mas até então ela não havia sido encampada a ponto de se aplicar ao mercado de uma forma geral.
Esse pioneirismo tem relação com o fato de o etanol (nome técnico do álcool etílico comum) já ser usado em larga escala no Brasil há quase 40 anos, desde a crise mundial do petróleo em 1973. A corrida pelos primeiros automóveis flex envolveu mudanças nos motores e demais componentes que entram em contato com o combustível.
Uma das principais alterações ocorreu em componentes eletrônicos do motor, que foram alterados de modo a realizar corretamente a leitura do combustível que é adicionado ao tanque. Também houve reforço em componentes que entram em contato com o álcool, mais corrosivo do que a gasolina.
Foi preciso, ainda, criar alternativas para o sistema de partida a frio. Daí os famosos tanquinhos de gasolina, que existem em quase todos os automóveis flex, uma alternativa que deverá ser superada dentro de poucos anos.
Dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) demonstram a grande aceitação dos veículos flex. Em 2010, 86,4% dos automóveis novos vendidos no Brasil eram bicombustíveis. Apenas 8,4% ainda eram a gasolina.
Além de já ser amplamente disseminado no Brasil, o direito de escolher que combustível colocar no tanque reduz a dependência do petróleo, combustível fóssil que um dia vai acabar. O etanol de cana-de-açúcar, além de ser uma fonte de energia renovável, reduz a emissão de gases do efeito estufa em 90%.
Dentro de alguns anos, os motores deverão ser abastecidos com o chamado etanol de segunda geração, que será produzido a partir de qualquer tipo de material que contenha celulose, como restos de madeira e de produtos agrícolas, plantas e até lixo orgânico. No caso da cana, a celulose está presente no bagaço e na palha.
A experiência nacional com carros flex não tem paralelos no mundo, embora nos Estados Unidos já exista esse tipo de modelo há mais de duas décadas. O Brasil é o único país em que o consumo de etanol supera o de gasolina.
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