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Em 1992, a General Motors, então maior montadora do mundo, decidiu interromper um antigo ciclo de revezamento de engenheiros no comando da operação brasileira. Mandou para cá Rick Wagoner, que iniciaria uma nova e longa fase de presidentes ligados à área financeira. Dezoito anos depois, a história muda o curso novamente. A engenharia voltou ao controle da operação, com o início da gestão da americana Denise Johnson, apresentada ontem à imprensa.
Rick Wagoner mais tarde se tornou o presidente mundial da companhia. Não apenas ele. Frederick Henderson, outro homem de finanças, também comandou a GM do Brasil e se tornou presidente mundial no momento em que a empresa começou a mergulhar numa crise profunda, até ser salva por dinheiro do governo americano. Johnson assume o lugar do economista Jaime Ardila (agora presidente das operações na América do Sul), que por sua vez, substituiu Ray Young, outro especialista em finanças.
Quando começou a fase do pessoal de finanças no comando daquela que hoje é a terceira maior operação da GM fora dos Estados Unidos, trabalhar no Brasil significava ter de lidar com inflação diária. Depois veio o tempo de administrar prejuízos.
Mas agora, os tempos são outros. O Brasil desfruta de estabilidade econômica e a subsidiária da GM, lucrativa, oferece uma oportunidade para a multinacional expandir atividade no momento em que o crescimento das vendas se concentra nas regiões emergentes. No Brasil está um dos cinco centros de desenvolvimento de produto que a GM tem no mundo e a nova presidente confirmou ontem que a equipe brasileira continuará recebendo encomendas de trabalhos de engenharia para outras regiões, incluindo a própria matriz.
Não é só isso
A GM encontra-se em plena fase de renovação da linha de produtos no Brasil. Uma mudança necessária para enfrentar o aumento da concorrência num momento em que a própria direção da empresa estima que o mercado brasileiro é capaz de passar de 3,1 milhões em 2009 para 5 milhões em 2018.
O que está por trás da decisão da GM, portanto, vai muito além da simples mudança de sexo do comandante da operação brasileira. Apesar disso, captar a melhor imagem da primeira mulher a se tornar presidente de uma montadora no Brasil parecia ontem ser o principal interesse dos 20 fotógrafos que se acotovelavam na sala reservada pela GM num hotel, em São Paulo, para apresentar a executiva à imprensa.
Com humildade, Denise Johnson, prestes a completar 44 anos, apresentou sua história de vida e da carreira de 21 anos na GM. Ela nasceu em meio à indústria automobilística, em Lansing, Michigan. Seus dois avós trabalharam em montadoras. Casou-se aos 25 anos e tem duas filhas. Além da área de manufatura, a engenheira também trabalhou na área de recursos humanos da companhia. Com extrema segurança, a executiva respondeu às questões sobre os produtos brasileiros, incluindo a informação de que a montadora se interessa em voltar a vender caminhões no Brasil. No cargo desde o início de julho, ela já visitou concessionários e fornecedores.
Diante de uma imprensa que, em parte ainda vive os tempos em que setor automotivo era assunto para homem, Denise Johnson respondeu também com elegância questões curiosas sobre o olhar feminino no universo dos automóveis. "Não é como uma mulher que eu vejo isso", disse, respondendo a uma dessas perguntas. "Ninguém deve tentar ser quem está substituindo e não existe nada específico a respeito de atuar sendo ou não uma mulher".
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