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A evolução da nanotecnologia (leia também Nanotecnologia amplia horizontes no mar e no espaço) está criando produtos com cara de ficção científica, capazes de fazer fortunas, mesmo de pequenas empresas. Basta um parceiro ou sócio cientista e a receita certa. A estimativa é de que o mercado mundial de nano chegue a US$ 1 trilhão até 2015. As partículas de dimensões minúsculas - um nano é um milhão de vezes menor do que um milímetro - podem ser incorporadas em qualquer tipo de material sem alterar suas características, porém acrescentando propriedades específicas.
A mistura correta pode criar produtos nas mais diversas áreas. Por exemplo: maionese com 90% menos gordura, uma infinidade de cosméticos e remédios "inteligentes" ou o nano filtro capaz de transformar esgoto em água potável em segundos. O sistema Lifesaver há dois anos salva vidas ao redor do mundo e poderá, no futuro, revolucionar os sistemas de saneamento. O celular conceito, apresentado pela Nokia em 2008, mostra as possibilidades na telefonia móvel: um filme plástico flexível que se transforma em pulseira. A nano fez nascer até mesmo uma nova expressão artística, a nano arte.
A biossegurança é requisito essencial para o sucesso, já que as nano partículas podem ser absorvidas pela pele. A Nanox produz um bactericida inorgânico a partir de nano partículas de prata, que revestem partículas com 7,5 microns de sílica, "para evitar a sua absorção pelo organismo humano", conforme explica um dos sócios da empresa, Daniel Minozzi. Este nano bactericida é vendido para a indústria para ser incorporado a uma série de produtos. Fundada em 2004, a empresa, que tem apenas 25 funcionários, deve faturar este ano R$ 3 bilhões.
Estratégica
Tantas possibilidades levaram os governos do mundo todo a tratarem a nano tecnologia como área estratégica, direcionando grandes volumes de recursos para financiar pesquisa, indústria e formação de mão de obra. Para abrir uma empresa que usa nanotecnologia é preciso que pelo menos um dos sócios ou parceiros tenha formação científica.
O governo brasileiro investiu, entre 2001 e 2007, cerca R$ 150 milhões no Programa Nacional de Nanotecnologia (PNN), em fundos setoriais, subvenção econômica (aplicação de recursos públicos não-reembolsáveis em empresas) e editais. Em 2009, foram investidos pouco mais de R$ 50 milhões. "Não temos um valor fechado para este ano, mas certamente será maior", diz o coordenador geral de Micro e Nano tecnologias do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Mário Norberto Baibich. O orçamento aprovado pelo Congresso para o Ministério este ano é de R$ 7,7 bilhões.
Essa injeção de recursos beneficia de micro a grandes empresas. A Capes, agente público que financia projetos de pós-graduação, aplicará, em 4 anos, R$ 22.231.542,63 em bolsas e custeio e R$ 11.464.837,22 em equipamentos. Os 38 projetos apoiados tiveram implantadas, em 2009, 292 bolsas de doutorado, 101 de pós-doutorado e 302 de iniciação científica.
Além da Capes, financiam programas específicos para nano a Finep, que apoia parcerias com empresas, a Fapesp, agência paulista de financiamento, e o BNDES. "É preciso considerar também os recursos investidos em projetos de outras áreas, que também aplicam a tecnologia", considera o pesquisador do Instituto de Química da Unesp, Elson Longo, coordenador do Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CMDMC).
Longo conta que o centro estuda, no momento, mesopartículas, "Observamos que a união de várias nanopartículas e os efeitos da interação entre elas é que dão bons resultados", diz.
Para entender
A nanotecnologia pode ser definida como a criação de dispositivos e materiais funcionais por meio do controle da matéria na escala de nanômetros (1 milímetro = 1 milhão de nanos). No Brasil, há desconfiança com relação à biossegurança, mas, no primeiro mundo, o selo nano é utilizado pela indústria como marketing positivo.
Para ter acesso aos programas de financiamento, visite os portais da Fapesp, Finep e MCT. As oportunidades, em geral, estão nos editais de chamadas públicas.
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