Fonte e foto: Agência FAPESP – 07/05/2007
O engenheiro Victor Carlos Pandolfelli, professor do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), é o novo ganhador do prêmio Alfred W. Allen, concedido pela American Ceramic Society.
A comissão responsável pelo prêmio, criado em 1980, seleciona a cada dois anos, com base em revistas indexadas em bases internacionais, os trabalhos que deram as contribuições científicas consideradas mais relevantes na área de cerâmicas refratárias. O prêmio foi entregue em Saint Louis, nos Estados Unidos, no mês passado.
Escolhido entre oito finalistas, Pandolfelli foi contemplado pelo conjunto de artigos publicados em 2005 e 2006. O engenheiro também é coordenador de um Projeto Temático apoiado pela FAPESP.
“As pesquisas foram realizadas em nosso laboratório, na UFSCar, que foi doado pela Alcoa”, disse Pandolfelli à Agência FAPESP. “O prêmio é um valioso reconhecimento internacional e mostra a importância para o Brasil da parceria científico-tecnológica entre universidade e empresa.”
O apoio financeiro da FAPESP foi utilizado principalmente na aquisição de equipamentos para o laboratório de mil metros quadrados. Recursos da Alcoa garantiram material de consumo, mão-de-obra e viagens. “O laboratório, no entanto, foi uma doação independente dos projetos que temos com a empresa”, disse.
A equipe de Pandolfelli trabalha com concretos refratários, que têm aplicações principalmente em siderurgia, petroquímica e na indústria de alumínio – áreas cujos processos envolvem altas temperaturas e materiais corrosivos.
“Os equipamentos que recebem metal fundido precisam ser revestidos com materiais cerâmicos refratários, a fim de proteger as carcaças metálicas do contato direto. Esses materiais precisam também isolar termicamente o banho de metal para que não haja resfriamento da carga e devem suportar o ambiente altamente corrosivo e as altas variações de temperatura envolvidas”, explicou.
De acordo com Pandolfelli, uma interrupção por conta de falha de isolamento em um equipamento, por exemplo, pode representar prejuízos diários da ordem de US$ 400 mil. O ganho de produtividade decorrente de um pequeno aumento no tempo de vida útil do material pode representar uma economia significativa.
“Estimamos que o desenvolvimento que fizemos dentro desse Projeto Temático represente para a Alcoa uma economia anual de US$ 800 mil”, disse o pesquisador, que é autor de 245 artigos científicos em sua especialidade.
Esse é o segundo Projeto Temático sobre o mesmo assunto coordenado por Pandolfelli. “A produtividade tem sido muito alta e já estamos nos preparando para o próximo projeto”, disse.
Resultados e prêmios
Pandolfelli destaca que as melhorias conseguidas por seu grupo nos refratários variam de acordo com o setor. Na indústria petroquímica, os resultados melhoraram a resistência ao desgaste e à penetração de gases corrosivos.
Na indústria siderúrgica, o material se mostrou mais adequado para altas variações de temperatura e de corrosão do meio. Na indústria de alumínio, o resultado foi a diminuição da perda energética derivada da redução da condutividade térmica e a utilização de materiais recicláveis que minimizam os impactos ao meio ambiente.
Os trabalhos publicados pelo grupo coordenado por Pandolfelli receberam outros três prêmios internacionais nos últimos cinco anos. “Ganhamos mais um nos Estados Unidos, outro na Alemanha e um terceiro no Japão. Este último, concedido em 2005 pela Associação Japonesa de Cerâmica, foi pela primeira vez outorgado a pesquisadores provenientes de fora da comunidade japonesa”, disse.