Otimização dos processos de usinagem

Fonte: II Assembléia Geral do IFM - 07/10/08

Nivaldo Lemos Coppini, Elesandro Antonio Baptista, Milton Viera Junior
Departamento de Ciências Exatas e Tecnologias
Uninove – Universidade Nove de Julho

Durante o período de participação junto ao SP01, os  autores desenvolveram dois sub temas dentro do contexto de otimização dos processos de usinagem. São eles:

Otimização dos parâmetros de corte em usinagem

A  otimização  dos  parâmetros  de  corte  foram  principalmente  focados em operações de  torneamento, com desdobramentos possíveis de serem aplicados aos demais processos que utilizam ferramentas de forma geométrica definida, fresamento e furação, que representam o maior contingente  de  incidência  tanto  no  campo  da  pesquisa quanto em aplicações industriais.

Foi  possível  realizar  contribuições  ao  que  havia  de conhecimento já desenvolvido sobre o assunto, ou seja, a determinação do  IME  (Intervalo de Máxima Eficiência) com as discussões tradicionais a respeito das velocidades de mínimo custo e de máxima produção e as possíveis interpretações e aplicações dos mesmos quando se pretendia otimizar os parâmetros de corte  (FERRARESI, 1967 e DINIZ, 2006). Outro aspecto abordado anteriormente aos desenvolvimentos havidos foi proposto por Carvalho 1991, em sua tese de doutorado sob orientação do Prof. Dr.Dino Ferraresi e que tratava de determinar a velocidade de máximo  lucro,  introduzindo uma  sugestão de dirimir a dúvida  sobre qual das duas velocidades do  IME utilizar.

Os modelos matemáticos  e de procedimento  consideraram que os diferentes cenários de fabricação tinham fundamental  influência sobre como otimizar o processo de usinagem. Para  cada  cenário,  foi  idealizado um modelo considerado mais apropriado. Foi considerado ideal, também, que a vida da ferramenta fosse considerada em todos os modelos apresentados e, sempre que possível, a vida fosse determinada em ambiente fabril, com dados retirados diretamente e em tempo real com a ocorrência do processo. Quanto à otimização dos parâmetros de corte avanço por volta e profundidade de usinagem sugeriu-se que esta ocorresse durante a seleção da ferramenta, considerando principalmente aspectos geométricos ferramenta/peça  envolvidos,  bem  como  o  processo  de  formação do cavaco. Ficou estabelecido que depois de selecionados estes dois parâmetros, seria fundamental otimizar a velocidade de corte.

A  tabela 1 mostra o cenário e a velocidade de corte mais adequada ao mesmo. Estas velocidades foram denominadas de velocidades notáveis.

Tabela 1. Cenário de fabricação e a Velocidade de Corte mais indicada
Cenário Velocidade Notável
Máquinas com tempo de troca de ferramenta zero ou próxima de zero Velocidade de mínimo custo limite()
Alta produção e preço imposto pelo mercado Velocidade de máximo custo admissível ()
Máquina gargalo em célula de manufatura Velocidade de máximo ganho ()
Máquina ociosa em célula de manufatura Velocidade de mínimo custo admissível
Competitividade em custo e prazos de entrega com conhecimento do lucro/prejuízo, previsão orçamentária e condições de negociação Cálculo da Margem de Contribuição relacionada com parâmetros de custo e produção em usinagem e contabilidade para pagamento de custo fixo e percepção de lucros ()
Cenário de fabricação flexível dentro do conceito de JIT Velocidade para lote ideal de usinagem


Otimização do setup de máquinas visando redução de tempos e custos

Neste  sub-tema  foram desenvolvidas duas  linhas de pesquisas com focos na diminuição do tempo de setup. Uma primeira abordagem tratou de propor o uso de uma mesma  ferramenta para a usinagem de vários  lotes de peças diferentes de um para outro. Tal diferença refere-se  tanto ao material da peça quanto à  sua geometria. É uma proposta relevante para cenários de usinagem flexível de lotes com número muito pequeno de peças, em que o tempo de setup pode ser signiicativamente maior que o tempo de usinagem de  todas  as peças do  lote. Em  simulação realizada, a abordagem mostrou-se vantajosa em termos de custos e tempos de produção quando se considerou uma programação diária na condição de trabalho acima mencionada.

Uma  segunda  abordagem  é  a  de  desenvolvimento de dispositivo para setup rápido de  ferramentas,  interno à Máquina  (toolsetters). Nessa  abordagem,  procurou-se conhecer a  intensidade de uso de equipamentos de pré-ajustagem  em  máquinas  CNC,  tanto internos,  quanto externos  à máquina  (presetters).  Como  resultado  dessa prospecção  foi  identificado que a falta de conhecimento sobre o uso  e  a  importância desses  equipamentos  é um fator preponderante para a baixa utilização; alia-se a isso a questão do custo do equipamento. Foi também gerada e disponibilizada aos usuários de máquinas CNC que participaram da pesquisa uma planilha de simulação para que
pudessem  quantiicar  os  ganhos  que  podem  existir nos casos  em que  equipamentos de pré-ajustagem  são utilizados.

A figura 1 ilustra as velocidades notáveis e suas relações com o IME.


Figura 1. O IME e as velocidades de corte notáveis

CARVALHO, R.R.S. Características de Usinagem Vista sob o Ponto de Vista Econômico. Campinas, Tese (Doutorado) - Faculdade de Engenharia de Campinas, UNICAMP, 1991.
DINIZ, A. E., MARCONDES, F. C., e COPPINI, N. L, (2001). Tecnologia da usinagem dos materiais. 4.ed. São Paulo: Artliber.



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