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Começou como brincadeira. Os amigos Gilberto Buffara e Gabriel Klabin, aficionados por aeromodelismo, resolveram desenvolver um protótipo de avião para espionagem. Coisa séria? Não. Era somente por hobby. Mas então veio a idéia: por que não ganhar dinheiro com a tal brincadeira? Eles viajaram para Israel, a meca da tecnologia bélica de última geração, conheceram diversos robôs e aviões e, sobretudo, máquinas desenvolvidas para espionar a distância. De volta ao Brasil, o desafio agora era transformar o projeto em produto comercial. Nascia assim o espião Carcará, um avião que pode operar em situações de guerra ou de paz. A primeira interessada na engenhoca foi a Marinha brasileira, que carecia de um avião seguro, leve, mas robusto, para sobrevoar áreas populosas e enviar informações em tempo real às bases em solo.
Klabin e Buffara criaram então a empresa Santos Lab (
www.uav.com.br/) para desenvolver o Veículo Aéreo Não-Tripulado (Vant), acertadamente apelidado de Carcará dada a sua semelhança com essa espécie de falcão típica do Brasil. “Nós queremos oferecer um produto compatível com o mercado internacional”, diz Buffara.
Pequeno, com 1,60 m de envergadura, o Carcará consegue voar por até 90 minutos a três mil metros de altitude. Decola como um avião de papel: com dois quilos de peso, é lançado com as mãos. Ele possui câmera que gira a 360 graus e envia as imagens em tempo real. O controle é feito a partir de um monitor que recebe imagens e envia as ordens para o avião por ondas de rádio. O controlador do avião pode, por exemplo, clicar em um alvo (como um carro) que aparece no monitor e mandar o Carcará persegui- lo. Os primeiros Carcará já estão em uso nas operações do Batalhão de Controle Aerotático e Defesa Antiaérea do Corpo de Fuzileiros Navais, no Rio de Janeiro. “A Marinha os utiliza em navios. Lançam o Carcará do navio para a praia com a finalidade de descobrir se há condições de atracar”, diz Buffara.
A expectativa da dupla amadora que virou profissional é que o pequeno avião também seja utilizado em monitoramento de florestas e na segurança pública. Seguro, o avião-espião foi feito pensando-se na possibilidade de uma queda repentina em área populosa. “Montamos o Carcará com espuma de polipropileno, tipo de isopor que não deforma e jamais machucará ninguém”, diz Klabin. Em outros segmentos, a invenção dos dois cariocas pode ser uma eficiente ferramenta na vigilância policial. Por conseguir voar muito alto e ser bem pequeno, dificilmente a aeronave será alvejada, por exemplo, por um tiro de fuzil. “Ele é mais eficaz e discreto que um helicóptero”, afirma Buffara.