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Novas tecnologias são lançadas no mercado dia após dia contribuindo para o avanço industrial e desenvolvimento tecnológico das empresas. Esta diversidade de práticas produtivas exige o acompanhamento de estudos que sejam capazes de apontar quais metodologias e produtos são mais indicados para cada processo numa indústria.
Dentro do setor metal-mecânico, os fluidos de corte são um exemplo de produto que melhorou consideravelmente os processos de usinagem e que, por esse motivo, merece ser tema de estudos e projetos que busquem sua melhor aplicação.
O Laboratório de Usinagem por Abrasão da Faculdade de Engenharia da Unesp, em Bauru (SP), desenvolve estudos que testam quais são os métodos mais eficazes no controle da contaminação microbiana dos fluidos de corte. Alunos e pesquisadores concluíram e patentearam um projeto que analisa a ação de baixas temperaturas neste controle. O estudo teve apoio e financiamento do CNPq e do Instituto Fábrica do Milênio.
Para a análise, um equipamento de refrigeração simples e de baixo custo foi adaptado entre o local de corte e o depósito do fluido, composto por uma serpentina mergulhada em banho de gelo. Ao passar pelo sistema, a uma vazão de 25 ml/s, o fluido de corte, que geralmente se encontrava a uma temperatura em torno de 23ºC, atingia cerca de 9ºC. Após este processo de resfriamento, o fluido chegava até o reservatório que foi revestido com placas de isopor para contribuir na manutenção da baixa temperatura.
Estrutura e disposição da serpentina no interior da caixa de resfriamento
Vista externa do reservatório recoberto com isopor, à esquerda; e da caixa de resfriamento
As amostras analisadas provaram que a hipotermia é um procedimento viável no combate ao crescimento de microrganismos. Os agentes microbianos que contaminam os fluidos de corte, tanto bactérias quanto fungos, não encontram condições nutricionais favoráveis para multiplicação em ambientes de baixa temperatura, somente em emulsões que estão à temperatura ambiente.
Os resultados obtidos mostraram também que a temperatura reduzida não modificou de forma significativa as características do fluido. Ao contrário, pôde-se observar que a diminuição da temperatura é capaz de melhorar o acabamento nas operações de usinagem. O Prof. Dr. Eduardo Carlos Bianchi, coordenador do estudo, explica que isso ocorre pois a retirada de calor da região de corte é mais eficiente a baixas temperaturas, possibilitando melhores resultados de acabamento.
O método atual de combate aos microrganismos em fluidos de corte é a utilização de biocidas, composto por uma substância que se suspeita possuir ação cancerígena, o formoldeído. Além disso, a ação do produto requer aplicações em altas concentrações, podendo provocar reações alérgicas nos operadores das máquinas.
A partir dos resultados deste estudo, empresas e indústrias passam a ter nas mãos uma nova alternativa para o controle da vida microbiana nos fluidos, que aumenta a vida útil das emulsões e a produtividade nos processos de usinagem.