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As empresas não pretendem fazer grandes investimentos em iniciativas relacionadas às mudanças climáticas enquanto não verem nenhuma regulação e tiverem a liderança dos governos. Esta é a principal conclusão de uma pesquisa realizada com as 500 maiores empresas do Reino Unido, Alemanha, Japão, Índia e China e que leva por água abaixo os argumentos de Bush de que o problema pode ser combatido com medidas voluntárias.
Líderes de 15 países, entre eles os incluídos na pesquisa, serão recebidos hoje pelo presidente dos EUA, George W. Bush, em Honolulu, no Hawaii para discutir o tema mudanças climáticas. A administração Bush tentará justamente convencê-los de que uma abordagem menos rigorosa para a crise é a melhor maneira de resolver o problema.
A proposta da reunião paralela com os maiores emissores do mundo – incluindo China, Índia e Brasil que negam assumir metas de redução - surgiu durante a Conferência Climática das Nações Unidas em Bali, dezembro.
Segundo o chefe do Conselho de Qualidade Ambiental da Casa Branca, Jim Connaughton, o objetivo é “focar em algumas áreas chaves para o mapa do caminho de Bali onde as maiores economias podem dar uma contribuição detalhada para ser levada as negociações das Nações Unidas”. Representantes da União Européia, Comissão Européia e Nações Unidas também participam do encontro que segue até amanhã.
Para o co-diretor do Projeto “Acordos Internacionais do Clima” da Universidade de Harvard, Joseh Aldy, os esforços seriam vistos com maior seriedade se o governo dos EUA decidisse colocar na mesa o que pensa ser uma resposta a curto prazo apropriada e como se empenharia politicamente.
O relatório, realizado pela empresa de consultoria Accenture e divulgado no início da semana, revelou que apenas uma em cada dez das empresas pesquisadas – e nenhuma sequer na China - consideram o aquecimento global uma prioridade. Cerca de duas vezes este número vêem que as mudanças climáticas impõem custos extras para os negócios.
“O setor de negócios claramente vê sinais a longo prazo sobre onde e como investir. Eles estão relutantes em fazer grandes investimentos em iniciativas relacionadas as mudanças climáticas até que uma regulação futura se torne clara”, conclui o documento.
Cerca de 67% dos pesquisados concordam que eles têm um papel a exercer para atacar o aquecimento global, mas apenas quatro de cada 10 sentem em posição para assumir isso. Na China, apenas 14% dos questionados se sentem em uma forte posição para fazer algo.
“Essas descobertas desanimadoras destacam o fato de que os mecanismos do preço de carbono não são ainda fortes o suficiente para que os negócios incorporem os riscos e oportunidades das mudanças climáticas dentro da estratégia tradicional de negócios”, disse o diretor de políticas do Climate Group, Mark Kenber.
Apesar de a maioria estar fazendo alguma ação limitada para reduzir suas emissões, quase uma em cinco não faz nada. Mais da metade de todas as companhias do mundo dizem que as mudanças climáticas já são uma grande questão para elas e três a cada cinco esperam que isso aconteça em menos de cinco anos.
No entanto, mais da metade confessa que se esforça para entender as implicações disso.
“O coração financeiro precisa estar certo, mas as empresas precisam entender como as mudanças climáticas irão afetar o mercado e perceber as oportunidades de negócios”, disse o chefe ambiental da Confederação Britânica de Indústrias, Mathhew Farrow.
Investimentos em tecnologia
No discurso de segunda-feira, Bush propôs investir dois bilhões de dólares nos próximos três anos para ajudar a desenvolver tecnologias de energia limpa nos países em desenvolvimento. O anuncio veio dois dias depois do Japão anunciar que ofereceria 10 bilhões.
O chefe-executivo do Painel do Clima das Nações Unidas, Yvo de Bôer, deu boas vindas aos anúncios. “As conversas ganharam uma grande agenda no momento. Eu acredito que seria mais útil se pudéssemos zerar tudo rapidamente com a limitação de emissões”, disse de Bôer antes de partir para a viagem aos Estados Unidos.
De Bôer disse que é difícil para Bush, que fica no poder somente até 20 de janeiro do próximo ano, estabelecer um objetivo de emissões para o país agora que “existe muita legislação em andamento no senado e no Congresso”.