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ÓLEO DE PALMA TERÁ CERTIFICAÇÃO 'VERDE'
Fabricantes de alimentos e outros bens de consumo ao redor do mundo estão apoiando um plano para certificar óleo de palma - o óleo vegetal usado em itens que vão de margarina até cosméticos e, cada vez mais, biodiesel - para evitar que o aumento da produção cause maior destruição de florestas tropicais.
A campanha por óleo de palma "verde" já conta com a Unilever PLC, a Johnson & Johnson Inc., a Nestlé SA e a H.J. Heinz & Co. As companhias entraram para um consórcio que reúne 200 produtores e compradores do óleo e grupos ambientalistas e visa a melhorar a imagem do setor e evitar uma reação dos consumidores. Cerca de 90% de todo o óleo de palma é produzido na Indonésia e na Malásia, onde tem havido muito desflorestamento nos últimos anos, especialmente devido a atividades ilegais de exploração de madeira e limpeza de fazendas. O desenvolvimento de plantações de palmeiras para óleo está levando à perda de florestas na Indonésia, o que põe em risco a sobrevivência de animais como o orangotango, disse um relatório do Programa Ambiental das Nações Unidas no ano passado.
Grupos ambientalistas temem que a destruição se acelere junto com o preço do óleo de palma - chamado de "ouro verde" por alguns produtores. No mercado futuro na Bolsa de Derivativos da Malásia ele já fixou um novo recorde segunda-feira, a 3.420 ringgits (US$ 1.044) por tonelada, com forte demanda na China e baixa oferta mundial de outros óleos vegetais. Cada vez mais, o óleo de palma também é usado para fazer biodiesel, o que aumenta ainda mais seu preço por causa da alta do petróleo. Algumas estimativas da indústria indicam que exportadores da commodity na Malásia e na Indonésia faturaram cerca de US$ 20 bilhões em 2007.
Mas a crescente popularidade do óleo de palma tem um lado ruim aos olhos de vários consumidores de varejo. Na Europa, já há sinais de reação contra o óleo produzido em áreas desmatadas. Autoridades da União Européia devem propor quarta-feira uma nova lei para combustíveis renováveis que pode proibir a importação de biodiesel derivado de plantas cultivadas em áreas de desflorestamento recente. A lei tem de ser aprovada por governos europeus antes de entrar em vigor.
Em julho, a Asda Group Ltd., subsidiária da Wal-Mart Stores Inc. que é um dos maiores varejistas de alimentos da Grã-Bretanha, anunciou que não vai aceitar produtos feitos com óleo de palma indonésio até que o consórcio de produtores e compradores lance um plano de certificação. Alguns varejistas de gasolina, como a sueca OKQB, que pertence à Kuwait Petroleum Corp., recentemente cancelaram planos de vender biodiesel à base de óleo de palma. Em vez disso, a companhia quer usar gordura animal ou óleo de canola.
Para melhorar a imagem do setor, o consórcio, conhecido como Mesa Redonda do Óleo de Palma Sustentável e com sede na Malásia, planeja lançar em breve um sistema para certificar operações de óleo de palma com critérios rígidos. O grupo, criado em 2003 e do qual o Grupo Agropalma, do Pará, faz parte desde 2004, espera que refinarias certificadas comecem a vender produtos de plantações "sustentáveis" ainda este ano. As mais de 200 empresas que integram o grupo respondem por cerca de 40% do comércio anual mundial de óleo de palma.