Impressão 3D: Pesquisadores desenvolvem curativo com colágeno de pele de peixe

Tecnologia inovadora aproveita recursos marinhos e acelera a recuperação de feridas cutâneas, reduzindo resíduos e custos

Pesquisadores do Laboratório de Biomateriais e Engenharia de Tecidos (Labetec) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) desenvolveram um curativo inovador para tratar feridas cutâneas, como queimaduras e úlceras. De acordo com a publicação do G1, o produto é feito com colágeno extraído da pele de peixe e é produzido por meio de tecnologia de impressão 3D, aproveitando ativos da biodiversidade marinha.

O objetivo do curativo, desenvolvido no campus da Baixada Santista, é se integrar à ferida, promovendo a cicatrização ao estimular o crescimento tecidual. De uso único, ele é desenhado para se misturar com a pele, acelerando o processo de recuperação.

Ana Claudia Muniz Renno, uma das coordenadoras da pesquisa, explica que, embora a pele de peixe já fosse utilizada em tratamentos, esta é a primeira vez que o colágeno é extraído e combinado com a impressão 3D para a criação de curativos. "O caráter inovador é usar o colágeno advindo da biodiversidade marinha e confeccionar esse curativo através dessa técnica atual, que é a impressão 3D, trazendo uma série de vantagens," comenta, destacando a ausência de produtos semelhantes na literatura científica ou em patentes.

Compatibilidade e redução de riscos

A escolha do colágeno se deve à sua compatibilidade com o tecido humano, o que reduz riscos de reações adversas. Segundo Ana Claudia, qualquer peixe poderia ser utilizado, mas o linguado foi escolhido pela sua disponibilidade e fácil obtenção. A inovação também aproveita a pele do peixe, que normalmente seria descartada, reduzindo resíduos e custos no tratamento.

A extração do colágeno da pele de peixe é mais simples comparada aos métodos usados em outros animais, como o boi, e elimina o risco de contaminação, um problema comum em tratamentos que utilizam a pele do peixe de forma integral. Após a extração, a pele é submetida a processos de limpeza e tratamento com ácidos, resultando em fibras de colágeno que são usadas para criar o material impresso em 3D.

Resultados promissores

Os testes em animais mostraram resultados promissores. Ratos tratados com o curativo recuperaram-se 50% mais rápido do que aqueles que não receberam o tratamento. Além da cicatrização acelerada, o curativo foi projetado para reduzir a dor ao limitar infecções e proteger a área lesionada, evitando novas lesões.


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A pesquisa, que tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), está na fase final de testes e análise de resultados, e os pesquisadores esperam que em breve o curativo possa ser testado em humanos. 

*Imagem de capa: Depositphotos.com