ABDI aponta robótica como tendência para transformação da indústria no Brasil

Mapeamento produzido no âmbito da nova política industrial mapeou ainda setores de máquinas agrícolas e energias renováveis

A robótica é tendência no Brasil para a transformação digital da indústria, afirma relatório desenvolvido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) para avaliar cadeias produtivas de três setores contemplados pelo texto da Nova Indústria Brasil, a nova política industrial brasileira. Além da cadeia de robôs industriais, também foram estudadas as indústrias de máquinas agrícolas e energias renováveis.

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Os relatórios gerados apresentam as forças e fraquezas de cada cadeia produtiva e como os nichos lidam com vantagens, gargalos e desafios.

Responsável pelo levantamento da cadeia de robôs industriais, o gerente de Difusão de Tecnologias da ABDI, Bruno Jorge, afirma que a análise do setor de robótica é importante para entender o papel das empresas de engenharia no processo. "Na cadeia de valor da robótica, as empresas de engenharia, a integração de sistemas e a junção de tecnologias, como a inteligência artificial, vão impactar bastante o futuro e o desenvolvimento disso. E o Brasil precisa acelerar esse processo”, pontuou.

Máquinas agrícolas 

O gerente da Unidade de Fomento às Estratégias ASG (Ambiental, Social e Governança) da Agência, Rogério Araújo, responsável pelo mapeamento de máquinas e equipamentos agrícolas, apresentou a seguinte perspectiva para o setor:


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“O mapeamento indica, a princípio, que é preciso considerar os seguintes pontos: o adensamento da cadeia produtiva, a promoção da oferta de máquinas e equipamentos agrícolas adaptados à realidade da agricultura familiar, a ampliação do crédito com foco na promoção do conteúdo local, a disponibilização de linhas de financiamento com maior amplitude de equipamentos destinados à agricultura familiar e a atração de investimento produtivo para as regiões Norte e Nordeste”, enumerou.

Energias renováveis

Dentro da cadeia produtiva de energias renováveis, a ABDI ficou responsável por mapear dois nichos: energia fotovoltaica e eólica.

“Aproveitando o abundante potencial brasileiro para a geração de energias renováveis, os documentos vão além do mapeamento estático dos dois nichos”, explicou o gerente de Nova Economia e Indústria Verde, Marcelo Gavião. “Eles apontam caminhos que indicam a necessidade de constituição de uma política integrada para a transição energética, com o fomento à demanda, o uso do poder de compras para o fortalecimento da indústria nacional e a reestruturação do sistema de geração e distribuição de energia”, enfatizou.

Nova política industrial

As informações foram encaminhadas ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e se juntaram a dados equivalentes de outros segmentos produtivos elaborados por diferentes setores do governo.

“A ABDI participa desse mapeamento junto ao MDIC de forma exitosa, encontrando gargalos, identificando pontos fortes para a indústria nacional e mecanismos para impulsionar os três setores. É um diagnóstico extremamente importante para o desenvolvimento da NIB”, explicou o presidente da ABDI, Ricardo Cappelli.

De acordo com Cappelli, esse mapeamento detalhado “nos tira de metas genéricas e aspiracionais”, pontuou. “Entramos de fato na definição de metas para cada nicho. Identificamos, por exemplo, que as empresas nacionais são minoria dentro dessas cadeias produtivas, que são dominadas por empresas estrangeiras. Vamos auxiliar a indústria nacional a sair desse cenário”, argumentou o presidente.

*Imagem de capa: Depositphotos